Derrube este paradigma: envelhecer, ficar doente e ser cuidado pelos outros.
Ao olhar a velhice ao nosso redor, deparamo-nos todos os dias com um findar dos tempos de uma forma muito igual. Parece que temos uma fórmula muito parecida ao encerrarmos nossa trajetória neste plano.
É uma situação intrigante. Primeiro que queremos viver muito, mas não necessariamente envelhecer. A beleza e vicissitude da juventude e vida adulta se esgotando e com ela aqueles “problemas” de idosos que queremos fugir mas acabamos nos apegando demais.
Muita gente já prevê que um dia começará a ter diversas dificuldades acarretadas pelos anos vividos. E, pior, já se programa pelo que nem sabe se realmente irá acontecer. Até porque nem sabemos como se estaremos aqui amanhã.
Os dias passam, movimentos se limitam, memória falha, o serviço de casa se torna fardo, os outros, família, parentes, vizinhos precisam começar a ajudar em tarefas que ainda são capazes de fazer.
Desculpas de que “sou velho” se acumulam. Acostumam-se com os problemas de saúde. Poucos tomam a atitude de reverter a situação.
Não se comprometem em curar no corpo e alma aqueles problemas criados e psicossomatizados pela própria pessoa. Parecemos zumbis presos dentro de um paradigma. A fórmula da velhice ficou enraizada. Reclamações, dores, dificuldades vão sendo aceitas e a pessoa ou fica feliz por saber que vai ser cuidada ou se desespera por não ter ninguém para ampará-la. Especialmente aqui no Ocidente.
E parece que ninguém pretende reverter este pensamento: velhice é sofrimento e a morte precisa ser dolorosa. Não, não precisa. Em uma de suas palestras Mario Sérgio Cortella disse esta frase: “Vida longa e morte rápida.”
E assim que tem que ser: de maneira saudável, feliz, cheia de energia, com sonhos e não um passar de dias melancólicos, doloridos e chatos.
E quando chegar a hora de partir, que não se demore.
Reprogramar a mente. Esta deve ser nossa tarefa. Encarar a terceira idade como a sequência da vida adulta e ponto. Devemos ser senhores e senhoras de exemplo para as gerações mais novas e mostrar que viver muito vale a pena e pode ser divertido, sem depender dos outros o tempo todo.
“Envelhecer é só uma questão de tempo e eu nunca tive tempo pra isso”, disse o cantor Sid Vicious, que por ironia morreu aos 21 anos no auge da carreira, mas já tinha noção de vida longa.
O tempo que temos é para cocriar nossos dias seguintes e não um fim sem graça, sem saúde e ocupando o tempo de quem ainda tem muito tempo pela frente.
Direitos autorais da imagem de capa licenciada para o site O Segredo: 123RF Imagens.