Quando começamos a sentir que não importa o que façamos, estamos sempre exaustos, sem vontade de fazer nada, é sinal de que precisamos de ajuda.
Pode ser difícil falar abertamente sobre questões emocionais e mentais, principalmente em uma sociedade onde ainda se considera tabu abordar tais problemas.
Um estudo do Instituto Ipsos, solicitado pelo Fórum Econômico Mundial, mostra que 53% dos brasileiros declaram que o bem-estar mental piorou pouco ou muito no último ano.
Outra pesquisa publicada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no ano passado, mostra dados ainda mais assustadores: cerca de 40% da população adulta brasileira se sentia afetada pela tristeza e depressão, enquanto 50% relatou sentir com frequência ansiedade e nervosismo.
A Secretaria de Saúde de Goiás classifica o estresse como uma resposta do organismo a estímulos que o corpo considera ameaçadores ou prejudiciais.
Precisando lidar com aquele momento considerado complexo, o corpo desencadeia reações que provocam a produção de determinados hormônios, como a adrenalina. Dessa forma, a pessoa permanece em “estado de alerta”, e esses hormônios acabam se espalhando por todo o organismo, provocando aceleração dos batimentos cardíacos, respiração ofegante, como se o indivíduo precisasse entrar em uma luta ou fugir de um predador.
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A questão é que existem algumas situações do cotidiano capazes de desencadear essas mesmas reações, como problemas pessoais, profissionais, financeiros, no trânsito, entre outros, que provocam aumento na produção de adrenalina e cortisol. O excesso desses hormônios pode causar doenças e distúrbios físicos, como dor de cabeça, insônia, dificuldade de concentração, problemas digestivos, insatisfação com áreas que antes causavam alegria, ansiedade e depressão.
Acostumados com uma realidade que exige produtividade acima de tudo, novas questões e apontamentos emocionais surgem a todo momento, como “síndrome da impostora”, insatisfação profissional, medo de não produzir na quantidade que pedem, etc. Até os momentos de lazer se tornam complicados, já que assistir a uma série pode significar improdutividade.
O corpo costuma mandar sinais de que as coisas não estão indo bem, traduzidas normalmente em dor, crise de ansiedade, taquicardia e até suor excessivo. Não sentir mais prazer em coisas que anteriormente eram feitas com tranquilidade pode ser um desses sinais.
Se você adorava cozinhar e, com o passar dos meses, tem se sentido cada vez com mais “preguiça”, preferindo comer qualquer coisa pronta, pode ser indício de que algo não está no caminho que deveria.
O esgotamento físico também é um sinal. A exaustão emocional pode não ser compreendida da maneira que deveria no início, já que a primeira sensação que temos é de fadiga física. É como se as noites de sono nunca fossem longas o suficiente, como se descer um lance de escadas fosse trabalhoso demais, e a tudo isso, soma-se dor física, como nas costas, nos braços e nas pernas.
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As pessoas que experimentam pequenas (ou grandes) doses de estresse todos os dias produzem diariamente a adrenalina e o cortisol, que em excesso no organismo desencadeiam uma série de questões clínicas. Pode parecer estranho que o estresse seja vinculado ao cansaço físico, mas é preciso lembrar que o corpo é uma máquina só, onde todos os órgãos trabalham juntos para seu pleno funcionamento. Se algo está enfrentando pressão extrema, provavelmente outra parte pode apresentar sinais de falha.
Vale lembrar que, em alguns casos, os sintomas podem significar uma doença específica, por isso, nunca se diagnostique, apenas um médico de sua confiança pode fazer isso.
Se tiver dúvidas quanto ao que está passando, procure um especialista em saúde mental, faça os exames necessários e tome as providências de acordo com o que a medicina e a ciência defendem.
Se você sente que as noites de sono não têm sido longas o suficiente, saiba que existe um motivo para isso. A University of Missouri-Kansas, nos Estados Unidos, e a University of Medical Sciences, de Teerã (Irã), analisaram de maneira conjunta como o estresse age no corpo humano, e descobriram que quando o sistema nervoso simpático (responsável pelas alterações do organismo em situações de estresse ou emergência) é afetado pela quantidade de estresse, ficamos em constante estado de alerta, o que impacta diretamente na qualidade do sono, já que a fase de sono profundo, chamado REM, se torna mais curta.
Sentir que o que acontece ao seu redor é difícil demais para aguentar, que não temos capacidade de levar adiante as demandas do dia a dia, como se estivesse perdendo o controle, são sintomas do estresse e da ansiedade. Essa sensação de “ineficácia”, se prolongada (de seis meses a mais de um ano), acaba desencadeando desordens físicas.
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O indivíduo fica doente com mais facilidade, o estômago fica sensível, assim como todo o trato digestivo, pode ter dor de cabeça constantemente, taquicardia, sensação de fraqueza e dor no corpo. Por isso, é muito importante que, assim que descobrir o que está causando tantos sintomas, a pessoa busque acompanhamento médico.
Sentir que o peso que precisa carregar é pesado demais não é algo normal nem deve ser normalizado. Compartilhe seus sentimentos com sua rede de apoio, com um médico especializado ou um terapeuta, e investigue a fundo os sintomas. Quanto mais tempo deixar que isso aconteça, mais perto poderá ficar de uma crise física e emocional forte.
As dicas que especialistas em saúde mental dão são: Descubra o que lhe faz mal e busque conversar sobre o assunto com alguém de sua confiança, sem deixar para amanhã suas aflições; sempre tire um tempo de lazer e autocuidado, sem ficar se cobrando nenhum tipo de produtividade; evite o sedentarismo e encontre alguma prática física que lhe cause prazer; não crie metas inatingíveis; e seja gentil com seus processos.