Sempre tive uma grande dificuldade de seguir as evidências, quando eu mais precisava usar da minha boa intuição. Parece que meus ouvidos ensurdecem, que os olhos se fecham e a mente caótica dá boas novas a minha confusão mental criando aliados através dos meus maiores conflitos.
A credibilidade do autocontrole é verdadeiramente nula e quando seu próprio nome não faz sentido, eis que encontro o gatilho, o escape, enfim, o retorno pra si.
Muita das vezes quando crianças temos um vislumbre do “mundo adulto”, aquele faz de conta parece ter magia. Na adolescência me parece que o mesmo acontece repetidas vezes, a busca da identidade enraizada no “quando eu crescer quero ser…” fulano,sicrano,beltrano, ter isso, aquilo, dois disso… Extingue a verdadeira e ímpar experiência que deveria ser “Eu”. Quando eu crescer, quero ser Eu!
E como ser “Eu” se não me conheço? Se meus gostos sempre foram baseados nos dos outros? Se cresci ouvindo que só serei feliz ao me casar, ter filhos, fazer uma faculdade… E não apenas uma faculdade. A faculdade. A que deixaria meu pai com um sorriso orgulhoso na minha formatura, uma faculdade de prestígio social. Porque todos os meus primos se formaram antes dos 25 anos e os mesmos já têm casas, carro do ano e pequenos para ordenar escovar os dentes antes de dormir.
Quando a cobrança da sociedade, a sua própria cobrança te amedronta e você começa a se questionar sobre a causa e o efeito daquilo, é que se descobre o quão bom era ser criança.
Que adulto eu queria ser, e quando adulto queria não ser !
Mas é no ócio cotidiano, nas coisas supérfluas, no singelo, no reflexo do espelho do banheiro que eu pela primeira vez me vi, de verdade.
Quando me propus a enxergar não somente minhas características físicas, mas quem estava por detrás daqueles olhos escuros, daquele cabelo emaranhado, daquela cara lavada. Que o gatilho citado antes me disparou a essência da alma, e aquele retorno pra si fez sentido.
Ouvi meu nome!
Fiquei ali por alguns minutos me observando, criando empatia, conclui que namorar-se é uma energia vital, que a cobiça pela descoberta particular é um começo pra acabar com a procrastinação respectiva da nossa sociedade.
Que em sua maioria é resultado do que muitos desejam, resultado das frases soltas e atitudes prontas.
Desde que soube que meu sobrenome fugia de regras, que eu era apelidada como anormal, vulgo louca, a vida começou a se ampliar pra mim em diversos sentidos e com minha visão de mundo não foi diferente.
Hoje garanto que sou muito orgulhosa de mim e dos meus feitos, pois Sou quem eu quero Ser, ainda que singular, luto diariamente para que isso seja verdade.
Cuidar da nossa criança interior e mantê-la radiante não é fácil, mas vale a tentativa. Esse caminho a percorrer vai proporcionar momentos e sensações jamais acessados anteriormente.
Por isso, ouse sempre que puder, sem medo. Apronte arte! Dance, cante, extravase, descubra seus medos e anseios,seus novos gostos e talentos.
É sublime ser protagonista da sua própria vida!