Eu sempre acreditei que todas as coisas pudessem fazer sentido, se houvesse amor.
Eu sempre acreditei no amor. Mas como você sabe, meninas-mulheres “apanham” um bocado antes de se tornarem por fim mulheres. Na verdade, no fundo, são eternas meninas.
Lembro que o primeiro garoto que gostei me assustava, causava-me um turbilhão de sensações e cada vez que se aproximava, eu queria me esconder. Um dia, ele me disse: “Dê-me uma chance, você é tão bonita!” E eu ri desconcertada, por não acreditar no que ele dizia… meus sintomas de desconfiança se apresentavam desde nova, eu mesma sabia que poderia me trair se caísse nessas histórias que alguns homens sempre usam para seduzir. Tadinha, desde nova, por sempre ouvir dos mais velhos que “homem não presta” formei várias crenças limitantes e senti os reflexos disso ao decorrer da vida.
Fato é que, naquele momento, mesmo sem querer, gostei demasiadamente daquele que sabia tudo de matemática e me encantava com as músicas que tocava na sua guitarra, meio desafinada. Acreditei nas juras de amor que um dia tiveram fim. Perdi meu melhor amigo e namorado, concluí de perto que as coisas podem sim acabar e como dói aceitar isso. O fim é só o fim. Não dá pra tirar muitas explicações quanto às mudanças da vida. Aceitar e seguir. Foi minha primeira lição.
O tempo passou e me deparei com diversas experiências, foram muitas histórias de amigas, de parentes, de conhecidos, dos professores e adorava escutar as histórias dos porteiros. Os porteiros me ensinaram muito.
Em épocas de total descrença do amor, um porteiro me disse que não só gostava da sua mulher, como era apaixonado por ela e por tudo que ela lhe proporcionou. Aquilo me tocou profundamente, e me fez ter vontade de um dia ser amada daquele jeito.
Tanto carinho, tanto zelo. Todos os dias ele comprava algo de comer que ela gostasse e levava para casa. Todos os dias tinham bom dia e boa noite com beijos. E eu achando que aquilo que ele me contava era pouco, não fazia ideia das mil formas de amor.
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Definitivamente, as pessoas quando crescem se deparam com rotinas tão corridas que não tempo para bobagens como o “amor”. Eu era uma dessas rebeldes sem causa que achava que sabia de tudo na vida, e por ter tido uma ou duas dores, não queria acreditar em mais nada. Vi que reclamar também não mudava muito as coisas, gritar e brigar com Deus e o mundo também não. Então, relaxei e procurei me distrair, não preocupar tanto.
Minha meta era ser feliz até onde desse, sugar todas as oportunidades e aproveitar todos os momentos… festas, muitos amigos, casinhos sem compromisso, bebidas, boa música e estava muito legal, até eu perceber que vida sem freio também tem seus limites, se até a loucura morreu no fim.
As fases são passageiras, fins também são recomeços e foi aí que eu conheci você. Dei de cara com alguém tão lindo que me faltava palavras que descrevessem o que foi olhar para você e vê-lo sorrir pela primeira vez, e ao contrário do que pregam sobre loucuras… você foi a loucura mais certa da minha vida. Eu nem pude questionar nada, não tive tempo para fazer drama como sempre faço, eu só o segui, senti, senti a mim e nos encontramos.
Se alguém duvida que existam forças inexplicáveis se movendo, o tempo todo, na tentativa de fazer o bem… eu “imploro”, permitam o amor.
Permitam e conheçam a dádiva de sentir que não é mais “sozinha” em meio a esse mundão, entenda a delícia que é dividir a intimidade com o mesmo alguém todos os dias, rir do mesmo riso, sentir o cheiro mesmo de longe e ter a maior paz que está nos braços de quem se ama.
Ver que alguém faz o impossível para fazê-lo melhor e querer apenas poder fazer o mesmo também. Agradecer por tantas coisas boas e simples, que antes pareciam tão difíceis de enxergar o valor. Brigas existem, seria estranho não se chocar com tanto amor presente, falta espaço sabe? Risos.
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Um dia desses, quando cheguei em casa depois de um dia cansativo no trabalho, minha mãe disse: Filha, alguém deixou algo para você na geladeira. – Pensei logo, AM? Está de sacanagem… pego o celular, vejo uma mensagem e abro a geladeira, a mensagem dizia:”
Espero que goste amor. Boa noite.” Entendi o porteiro. Senti o amor.
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