Adriana nasceu em uma família humilde e precisou abandonar a escola aos 13 anos. Sem estudo, começou a trabalhar como doméstica, mas foi a moda que mudou sua vida.
Conseguir frequentar a escola ao mesmo tempo em que é um direito básico dos cidadãos não deixa de ser um instrumento das elites.
Quanto mais pobres as famílias são, mais difícil é manter as crianças na escola, já que é preciso que a renda da família seja complementada. O ciclo segue se repetindo, e é apenas através da educação que pode ser quebrado.
Adriana Santos nasceu em São Paulo, mas aos 6 anos foi morar em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Filha de um casal de pernambucanos bem humilde, ela e os três irmãos enfrentaram muitas dificuldades na infância e, segundo relato para a Marie Claire, chegaram a comer banana verde cozida para não morrer de fome.
O pai trabalhava como pedreiro e chegava a ficar 15 dias fora, enquanto a mãe era dona de casa. Mas quando completou 13 anos, seus pais se separaram e mandaram cada um dos filhos para a casa de um parente. Adriana foi morar com o pai e a namorada, que já tinha seis filhos. Nessa época, precisou abandonar a escola.
Para conseguir ter o próprio dinheiro, Adriana optou por trabalhar como doméstica. Um dia, depois de muito buscar emprego, batendo de porta em porta, ela voltou para casa e não encontrou mais ninguém, eles haviam se mudado e a deixado para trás. Ela era apenas uma adolescente e, naquele momento, percebeu que estava sem teto, e pediu abrigo na casa de uma amiga.
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Acabou encontrando nas drogas seu refúgio para as ausências familiares. Sua amiga engravidou e ela precisou se mudar para a casa de outra menina. Dessa vez, a anfitriã arrumou um emprego para Adriana como cuidadora de uma idosa que havia sofrido um derrame, assim precisou se mudar para a casa dela, amadurecendo à força.
Alguns meses depois, a senhora faleceu e a família a dispensou, mas foi indicada para trabalhar em uma casa de família, onde conta que foi recebida com muito amor. Foi matriculada na escola, estimulada a abandonar tudo aquilo que não lhe fazia bem e ganhou novamente uma família. Manteve um relacionamento de seis anos com o filho da sua patroa, e tudo correu bem, fazendo com que sua autoestima voltasse aos poucos.
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O relacionamento chegou ao fim e, em 2001, Adriana conheceu Alex numa festa junina da cidade. Depois daquele encontro, eles acampavam todos os fins de semana juntos e, após sete meses, decidiram morar na mesma casa. Chegaram a passar fome e quase não tinham móveis; moravam numa kitnet minúscula e alugada.
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O marido arrumou emprego em uma padaria e ela foi trabalhar como caixa de supermercado, até que uma pessoa a convidou para fazer um teste numa confecção de moda íntima, que estava precisando de costureiras. Adriana sempre quis atuar na área, e topou na mesma hora. Passou os meses seguintes usando suas folgas para trabalhar de graça na confecção, enquanto ia pegando o jeito, até que foi contratada e abandonou o emprego de caixa.
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Conforme os anos foram passando, o marido resolveu embarcar na área da costura junto com Adriana, e abriram um negócio com uma vizinha. Era preciso bater de porta em porta para anunciar os serviços, foi quando assinaram um contrato para produzir sutiãs de bojos.
Nessa época, ela começou a ficar incomodada com a quantidade de plástico que suas produções descartavam. Então teve a ideia de usar o plástico para cultivar mudas de plantas e doar para parques e pontos turísticos da cidade. A ação deu tão certo, que ela e o marido decidiram estudar mais sobre o meio ambiente.
Em 2011, engravidou e seu projeto apenas crescia, chegando a atuar em escolas, então teve a ideia de criar o Viveiro Educandário, dentro da sua empresa EcoModas, onde as escolas visitam com frequência.
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O viveiro é mantido dentro de um parque da cidade, onde eles produzem mais de 3 mil mudas em cones de linha. Já plantaram mais de 25 mil mudas. Além disso, o casal realizou diversas ações de conscientização e preservação ambientais, sendo os primeiros da moda brasileira a receber o Selo Verde na categoria Ouro da Ecolmeia.
Adriana e sua equipe já receberam mais de 10 prêmios de destaque estadual, nacional e até internacional, sempre com ênfase na qualidade dos produtos e na forma verde de atuar.