A grande magia desta data festiva, antes de estar em seu significado, porque cada um de acordo com seus dogmas religiosos o processa de uma diferente forma e é necessário respeitarmos, está na grande simbologia que representa, na força do renascer.
Porque consciente ou inconscientemente quase todos sem exceção quando nesta época, acaba por fazer uma retrospectiva do que ano que passou, acendendo em si a luz da esperança para um novo ano, que simplesmente por ser novo, um novo marco no calendário do tempo traz a força do bem fazer, de novas possibilidades que possam surgir, da realização de novos sonhos, da construção de novos sonhos.
E esta esperança é como se nos enchesse de força, alimentando a veia propulsora da vida, fazendo com que olhemos para dentro de nós e verificamos que em nosso íntimo há a capacidade de lutar, de realizar, de bem fazer, de superar, sim, quantas coisas superamos, quantas lágrimas por vezes deixamos escorrer no ano que passou, e quantas novas possibilidades esperamos que vá acontecer no ano que chegará.
A força do renascer nesta época está viva e real, para mim a vida renasce a cada dia em cada passo que damos, porque aprendi nas grandes tempestades da vida a estar pronta para pegar o remo da busca continuamente, e quando a vida me derruba aqui ou ali, até choro, deito e processo a dor, mas depois pego tudo isso, e transformo em energia alimento para colocar no remo e continuar a travessia, porque aprendi que dor nenhuma mata, pelo contrário, apenas nos fortalece, ensina-nos a reconhecer-nos, ensina-nos a olhar para dentro de nós, ensina-nos a trabalhar nossas emoções, ensina-nos a sufocar alguns sentimentos que não são alimentados gradativamente, ensina-nos a mudar de direção.
O que mata mesmo é nossa inércia de a ultrapassar, quando optamos por ficar nessa dor o tempo todo, fazendo dela sofrimento, sem utilizar toda a energia que todos nós temos para fazermos a travessia e seguirmos confiante. Sem usarmos todo o nosso poder de resiliência, o nosso poder de superação, o nosso poder de construção, o nosso poder de aprendizado.
O que mata é assumirmos uma posição de vítima, ou seja, uma posição passiva diante do problema acreditando que somos vítimas da vida, do outro ou do próprio sistema, sem olharmos para dentro de nós e verificarmos o que podemos fazer diferente para com nossa energia e nossas ações contribuirmos para termos resultados diferentes do que estamos a ter.
O que mata é amarmos mais ao externo do que o nosso interno, é projetar a nossa vida no outro ou em coisas, sem olhar para toda a energia que temos dentro de nós. E como podemos amar o outro como a nós mesmos se não aprendemos a nos amar? E quando fundamentamos que a nossa vida só existe porque há uma alma que habita o nosso “Ser”, porque há um coração que bate e irriga todo o nosso corpo com o sangue que carrega todos os nutrientes necessários para nossas funções vitais, passamos a perceber que só podemos contemplar todo o externo a partir do interno que carregamos. E que temos sim que valorizar tudo o que é interno, respeitando nossas emoções, respeitando a nós mesmos, amando-nos e não deixando que nada, nem ninguém nos faça sofrer ou jogue-nos ao chão, sem darmo-nos o direito de nos levantarmos e seguirmos confiantes, fazendo, realizando, construindo, deixando por onde passamos o sopro do vento de um guerreiro, daquele que acredita em si, daquele que se ama, daquele que realiza, daquele que tem predominantemente sorrisos por estar bem dentro de si próprio, deixando aflorar o brilho da alma a todo e a qualquer instante.
E nesta data festiva, sugiro que faça a sua reflexão de forma consciente, coloque numa folha de um lado todos os pontos positivos deste ano, de outro os menos positivos, faço isso todos os anos, e depois analise atenciosamente as colunas. E quando ver que os pontos negativos estão relacionados a algo ou alguém, analise se não será necessário adotar novas estratégias para o ano seguinte, e se após melhorar tudo o que acredita que é de sua responsabilidade, se não será necessário alguns afastamentos.
Porque na vida, somos o poder decisório, e somos nós quem temos que ter a sabedoria do que temos que deixar ficar ou deixar ir, para vivermos numa melhor sintonia. Aquilo que nos faz mal, aquilo que não nos alimenta com boas sensações, ou no mínimo com a esperança de que no futuro será diferente, precisa ser revisto, remodelado, e se há algum sentimento que nos liga, se não for possível suprimi-lo totalmente, talvez seja necessário fazê-lo adormecer ou guardá-lo na alma, num lugar que não possa interferir nas emoções, para que possamos seguir ligados as boas coisas, com energia de luta, com força, sem deixar que nada, nem ninguém, nenhum sentir tenha a força de nos fazer menos capazes de produzir tudo o que podemos, menos capazes de dar ao mundo tudo o que podemos, nesta grande caminhada da vida.
Sugiro que faça a sua reflexão e após ponderar tudo o que viveu no ano que passou, adote novas metas para o ano seguinte, construir metas, ter planos, ter sonhos é o que nos capacita a caminharmos mais valentes no solo da vida, porque alimenta a força do “Eu Guerreiro” que carregamos, fazendo-nos lutar até inconscientemente para atingirmos o que desejamos, ou o que acreditamos que será importante para a nossa vida, para a construção de nossa história.
Sugiro que você pegue todas as tristezas deste ano que passou, coloque-as no baú fechado da alma, mas antes disso fazer, pense bem em cada uma delas, de um significado ao que foi menos bom, tente perceber que o Universo só deixa algo ruim acontecer quando é para o nosso aprendizado, para o encontro da nossa força, e quando der este significado, quando encontrar esta resposta, coloque lá, bem lá no fundo, no baú da alma, e de lá não tire mais, só busque se num momento futuro passar por algo semelhante e tiver que buscar este aprendizado para fazer a travessia.
Deixe o que passou para trás, do que passou só carregue as boas lembranças. No hoje, no tempo presente, alimente-se com a esperança desta data festiva, desta data que simboliza o fechamento de um ciclo e a abertura de um novo, se alimente desta energia das festas, dos encontros com amigos, da partilha com a família, e assim, unidos neste amor, sinta-se aberto para receber o futuro que está por vir, neste novo ciclo que se inicia com a abertura de um novo ano.
E a vida segue, e coisas boas acontecem, menos boas também, mas temos que nos centrar no que é bom, no que é grande, no que nos fortalece, e a cada vez que fazemos isso, alimentando-nos da energia do que é bom, estamos gradativamente ganhando sabedoria com o que é menos bom, para assumirmos uma vida cada vez mais serena, cada vez de mais paz. E não se esqueça jamais a vida é um constante reflexo, cedo ou tarde nos devolve tudo o que semeamos, e se por ventura, não estamos a colher o que conscientemente semeamos, talvez esta semeadura foi feita lá atrás, e esta colheita somente veio porque a alma ainda necessitava de algum aprendizado que ainda não fomos capazes de obter.
Sugiro que sinta a vida, que sinta a força que carrega, que agora nesta data especial viva tudo de bom que carrega dentro de você, alimentando-se continuamente com a força que o capacita para a luta, e acredite, só vai o que não é para ficar, porque o que é para ficar, o que veio para fazer parte de sua vida, trabalha em sincronia para que assim seja, alimentando-nos com a esperança, alimentando-nos com a mesma energia que projetamos…
E por mais que por vezes não consigamos a vida entender, é preciso acreditar que sabedoria é aceitar seus desígnios, agindo ativamente para a transformá-la quando possível, que é preciso continuar a viver, a lutar, a fazer, porque aquilo que não compreendemos, talvez seja exatamente o que precisamos neste grande solo de caminhada que é a vida terrena, para o que realmente aqui viemos buscar, que é a riqueza de nossa alma.