Dilemas do tempo – A infância nunca morre!
No espelho do tempo não me encontro mais. Não encontro mais a criança que fui um dia, só a encontro em meu interior porque o meu ser criança ainda pulsa dentro de mim… Lembro-me de tantas coisas… Ah… Como era bom ser criança, como era bom viver a fantasia de saber que os contos de fadas poderiam ser reais e que as pessoas poderiam ser sempre humanas!
E não pensem que vivo de passado não, apenas sei dar valor às lembranças porque são as memórias que nos fazem enxergar o quanto já vivemos e o que vivemos. As lembranças são as marcas do tempo que ficam em nós, que vivem em nós e nos alimentam, mostrando que voltar ao passado nem sempre é ruim…
A passagem dos anos também traz dilemas com os quais temos que aprender a lidar…
Abaixo, escrevo em versos alguns “Dilemas do tempo”, com os quais tive que aprender a lidar e ainda busco saber enfrentá-los da melhor maneira possível:
Dilemas do tempo
Quando era criança, podia pensar o que quisesse
Agora, não me atrevo a pensar tudo que me vem à mente
Certos pensamentos podem não ser para mim!
Quando era criança, podia falar tudo o que pensasse
Agora, tenho que tomar cuidado com o que falo
Certas ideias são perigosas!
Quando era criança, eu podia sorrir de tudo
Agora, tenho que escolher a hora certa para sorrir
Certos sorrisos podem ser mal interpretados!
Quando era criança, projetava meu futuro
Agora, prefiro regressar ao meu passado
Certas infantilidades são mais interessantes que muitas adultilidades!
Quando era criança, simplesmente era feliz
Agora, tenho que buscar ser feliz
Certos sentimentos não se acham facilmente!
Quando era criança, tinha muitas soluções
Agora, parece que só tenho problemas
Certos problemas parecem não ter solução!
Quando era criança, podia esquecer
Agora, sou obrigada a lembrar
Certas coisas são importantes demais para serem esquecidas!
Quando era criança, só pensava em viver
Agora, só vivo pensando
Certos pensamentos são a vida em si!
Quando era criança, queria estudar
Agora, às vezes estudo sem querer
Certos conhecimentos não podem ser deixados em segundo plano!
Quando era criança, não me importava com o tempo
Agora, o tempo é tudo o que importa
Certos prazos sempre vencem!
Quando era criança, eu queria crescer
Agora, se pudesse, voltaria a nascer
Mas, certos tempos nunca voltam!
(Patrícia Souza)
O passado me alimenta, mas não volta e isso é fato. Sinto falta da infância perdida e de tudo que deixei para trás nessa jornada de caminhar rumo à vida adulta.
Todos nós sentimos falta da criança que fomos um dia e da infância que alimentava nossas mais inocentes ilusões de ser e estar num mundo que ansiávamos por descobrir…
Mas, apesar de ter perdido minha infância, devido ao tempo que é implacável, não perdi a criança que ainda existe dentro de mim: a criança que sorri das pequenas coisas, que tem vontade de descobrir coisas novas, que ri dos seus próprios tombos, que cai, mas não desiste de caminhar!
A minha criança interior nunca morreu e isso é o mais importante porque quando carregamos a criança que fomos um dia dentro de nós, a nossa infância nunca morre, apenas está guardada, como todas as preciosidades, dentro do baú mais precioso: o nosso coração!
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