Por conta da pandemia, os irmãos passaram a participar de aulas remotamente, mas como moram na zona rural, a atividade é extremamente difícil para eles.
A educação é o maior bem que uma pessoa pode ter. É com ela que um indivíduo consegue ter consciência sobre si mesmo, seu espaço no mundo, seus direitos e deveres. A educação é o que transforma regiões inóspitas e empobrecidas em verdadeiras promessas, é o que melhora a qualidade de vida da população e a única coisa que conseguimos carregar conosco, independentemente da viagem.
Com a pandemia, as desigualdades sociais foram ainda mais escancaradas. A educação, em seu formato remoto, alcança apenas aqueles que têm recursos financeiros e uma casa estruturada. Muitas famílias pobres precisam dividir o único aparelho celular com três, quatro filhos, inviabilizando os estudos a muitos.
Além disso, o fechamento das escolas públicas acirra ainda mais o cenário caótico em que estamos imersos, pois a maior parte dessas crianças não têm como estudar de casa, muitas famílias continuam trabalhando, sem possibilidade de home office, o que faz com que muitas crianças não tenham a assistência necessária de que precisam para ver as aulas. A conta não fecha, as pessoas pobres estão em uma realidade que tende a piorar cada vez mais.
Andry e Manuel, com a ajuda de um carrinho, levam cadernos, lápis, mesa e um computador para o topo de um morro, na única região com acesso ao sinal de internet.
Como se não bastasse o esforço de chegar ao local empurrando seus itens indispensáveis, ainda precisam enfrentar um forte calor por horas, já que não têm onde se abrigar do sol, como explicam ao jornal La Región.
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Para não perder o ano letivo, e com esperança de tudo voltar ao normal após a vacinação em massa, esses irmãos chilenos assistem às aulas dessa forma, por iniciativa própria. Todas as manhãs, Andry, de 13 anos, e Manuel, de 10 anos, frequentam a oitava e sexta séries, respectivamente. Enquanto a maioria de seus colegas frequentam as aulas confortavelmente, os dois precisam fazer malabarismos para conseguir fazer o mesmo.
Mesmo se apressando, na maioria das vezes, não conseguem assistir a todas as aulas do dia, perdendo os primeiros tempos. Enquanto um se conecta em um notebook, o outro precisa usar um celular; o modem que utilizam foi dado pela escola, mas, mesmo assim, o fraco sinal exige que eles se desloquem até o único ponto aonde ele chega, no topo de uma colina.
Os estudos exigem que eles acordem muito cedo e enfrentem um sol extremamente forte, isso sem a garantia de que conseguirão pegar todo o conteúdo do dia.
Mas como o modem não colabora, muitas vezes, a conexão só se estabelece quando os professores já explicaram grande parte da matéria. Mesmo assim, os irmãos dizem que estão felizes.
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Andry sonha em ser veterinário e continuar na zona rural, para ajudar tanto os animais das fazendas quanto as pessoas. Seu irmão mais novo sonha em ser piloto. A história dos dois não é contada, segundo o prefeito da região, Rafael Vera, para romantizar o sofrimento de quem tem menos condições. Mesmo que eles sejam um exemplo de esforço, Vera acredita que eles merecem muito mais, e chama o governo chileno a investir mais na educação do país.
Os pais dos meninos sentem muito orgulho dos dois, principalmente pela força de vontade que têm em receber educação, e acreditam que eles serão ótimos profissionais, quando adultos. Atualmente, os dois passam cerca de seis horas, cinco dias da semana, sob o sol forte para conseguir acompanhar seus colegas.
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