Cai a chuva na janela, escorrem gotas agonizantes para dentro do fim e existe música neste instante. As gotas caem, o vento pesa ao passar por entre as árvores, quase as levando embora para longe.
A cidade canta e o infinito vibra nas paredes, os muros cheios de lágrimas percorrem tudo que não entrou em nós. Lamentam a ausência daquilo que não pôde ser e que agora é em gota a ressoar na eternidade o que jamais fora. O tempo do pranto em desatino, o profundo da loucura de amar cada pedacinho indecifrável da imensa poesia a nos brotar continuamente nos olhos, da música infinita da chuva, uma tempestade de ternura incerta.
Incerta, pois as dúvidas sempre são maiores que as respostas e um dia a gente aprende a rir das dúvidas, não dar tanta importância ao que não tem explicação. Jogue ao tempo, sorria, faça revoadas de pássaros com os pensamentos.
Pouco importa o que antes era importante, dê importância ao que te fará sentir o infinito, a poesia, a música, a arte, o amor e todos os conflitos, nós, labirintos serão tão minúsculos que não te atrapalharão a vida ou serão tão imensos que a poesia cederá lugar quase que automaticamente como forma de sobrevivência. Pois no final quem cria o caos e o alimenta é somente uma pessoa – aquela que pensa.
E se por um momento todo o nosso passado viesse à tona e pudéssemos sentir tudo ao mesmo tempo? Todos os olhares que nos deram, todos os sorrisos ou lágrimas que vimos, todas a esperanças, anseios, desesperos, tristezas e alegrias que já sentimos.
Tudo ao mesmo tempo agora em nós ressoa como uma avalanche para despertar. Todas as músicas que você já escutou, todos os livros que você já leu, todas as mensagens que você recebeu através da vida, dos sonhos, de um olhar, de tudo. Todos os amores que já te avassalaram o coração, todos os encontros que já tivemos, todos que já somaram e todos que vez por outra já diminuíram. Se pudéssemos reunir o passado inteiro neste exato instante, como seria nosso futuro?
Pensar tem a sua importância, mas será que nós pensamos realmente ou apenas gastamos nossa energia?
O verdadeiro pensamento transcende sempre, abre portas ao infinito, é poesia, arte, quase uma loucura para quem não sintoniza. Nos ocupemos do que vale a pena. Não gastemos o tempo com críticas ou lixos de pensamentos vazios ditados por uma massa que ainda nada sabe sobre como pensar.
Crie a sua própria porta e abra-a para contemplar os infinitos do mundo. Eu sei que podemos abrir as portas que nos farão sentir e abrir cada vez mais portas para o nosso pensamento nos libertar das amarras que nos acostumamos a ficar. Esse lugar acomodado não é nosso por isso às vezes nos inquietamos, libertemos!
Um dia quem sabe chegará o dia que a poesia nos inundará como Drummond já disse, “Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira”, assim deverá o infinito nos regar na constância com que reguemos do foco em nos nutrir daquilo que realmente merece a nossa atenção.
E não me leve a mal ao dizer que tudo merece atenção, no entanto é preciso escolher merecer este momento de deixar a poesia lhe tocar até os poros para nos libertar daquilo tudo que não faz sentido algum, mas que não deixa de ser poesia e se depois de muito tentar não encontrarmos uma explicação plausível joguemos ao tempo para que não interrompa nosso caminho de seguir o fluxo da vida e seus constantes despertares.
Desperte-se!