Eliot aparece sem avisar na casa das pessoas que precisam de um transporte e simplesmente lhes entrega as chaves dos carros que conserta, sem lhes cobrar nada!
Oferecer ajuda às pessoas que mais precisam mostra a beleza daqueles que se importam, mostra a importância de se responsabilizar pelo outro, mesmo que essa não seja sua obrigação. Se todos tomassem a frente, sem esperar por um milagre, ajudando indivíduos em situação precária ou identificando formas de atuar positivamente na vida de quem necessita, o mundo seria um local infinitamente melhor.
Enquanto terceirizamos responsabilidades, apontando o dedo para os culpados, vamos nos esquecendo de que a fome é um problema que precisa ser resolvido agora.
A vulnerabilidade social não aguarda o momento do júri para retirar a dignidade e a paz de quem sofre, ela age agora. Eliot Middleton, da Carolina do Sul (Estados Unidos), teve a ideia de consertar e doar veículos antigos a todas as famílias necessitadas da sua comunidade.
Em 2020, Eliot organizou uma campanha de alimentos, mas acabou percebendo que muitas famílias chegavam sem nenhum transporte, isso significava que muitos haviam caminhado mais de seis quilômetros para chegar ali, já que é uma zona rural.
Aos 38 anos, ele é dono de um restaurante, mas trabalhou a vida inteira como mecânico, e agora usa as horas vagas para reformar carros velhos. Assim que percebeu a demanda das famílias da sua região, ele fez uma publicação no seu Facebook pedindo que doassem o que eles chamam de “carros-lixo”, aqueles que nem andam mais pela cidade e estão abandonados, aguardando o momento em que serão descartados completamente.
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Para potencializar as doações, ele começou a fazer churrasco em casa em troca dos veículos, e a ideia funcionou! Até agora, ele já recebeu quase 100 veículos para arrumar, cada um precisando de um conserto específico.
Em alguns, basta apenas uma revisão simples, mas outros estão tão danificados, que ele apenas coleta as peças para reaproveitá-las em outros carros. Foram 15 anos trabalhando como mecânico, seguindo os passos do pai. Desde os 4 anos, quando visitava a oficina mecânica, ele sonhava em consertar veículos.
Assim que terminou o ensino médio, Eliot fez um curso para se especializar na área e, em 2004, ele e o pai abriram um negócio juntos. Nessa época, perceberam que as comunidades rurais tinham grande necessidade e carência de transporte, já que não existe condução pública que interligue todas as regiões.
Outra coisa que pai e filho percebiam é que suas clientes mães solteiras não tinham dinheiro suficiente para pagar o conserto dos automóveis. A pandemia acabou vitimando o pai de Eliot, e eles nunca conseguiram colocar aquele sonho de ajudar a comunidade.
Mas, em setembro do ano passado, ele se sentiu suficientemente motivado para honrar o legado daquele que tanto o inspirou, e consertou o primeiro carro, um Toyota Camry da Marinha de 1997, que deu para uma mãe solteira de dois filhos e desempregada.
Assim que a presenteou, a mãe chorou e ficou extremamente surpresa com a atitude, principalmente porque não esperava receber aquele carro. Eliot ficou sabendo da situação financeira daquela mulher pelo Facebook, através de um amigo, e assim que decidiu ajudá-la, sentiu a presença do seu pai, como se o estivesse acompanhando, como relatou em entrevista ao Washington Post.
Dois meses depois da sua primeira doação, a mãe arrumou um emprego estável e foi até Eliot agradecer pela ajuda e devolver o veículo. Ele se surpreendeu com a atitude da mulher, jamais esperava que isso pudesse acontecer e, a partir daí, seu programa de carros foi ganhando cada vez mais impulso.
Ele criou uma organização sem fins lucrativos oficialmente, para que o dinheiro não saísse apenas do seu bolso, e lhe deu o nome de Middleton’s Village To Village Foundation.
Todos da comunidade (e de fora dela) ainda ficam surpresos quando descobrem que aquele trabalho é realizado por uma pessoa só, não existe uma equipe por trás. Até o momento, 33 famílias foram beneficiadas com os automóveis gratuitos de Eliot, e outras virão, todas sempre necessitadas e sem condições financeiras de comprar nem sequer uma bicicleta.