A atenção a Givaldo Alves, que protagonizou a polêmica do provável estupro de vulnerável em Brasília, tem chamado a atenção do público.
Em questão de semanas, Givaldo Alves, de 48 anos, saiu da categoria de pessoa em situação de rua, com suas vulnerabilidades e dificuldades, para uma subcelebridade brasileira. Os motivos não são os melhores, e nas redes sociais o público tem se dividido entre os que o idolatram e aqueles que acreditam que ele está sendo promovido em cima de comportamentos abusivos, assédios e machismo.
Sabemos que as subcelebridades são categorizadas pela atenção que recebem do público por meio de curtidas em posts, contratos para eventos e até as chamadas publis, parcerias de grandes empresas com esses influenciadores em busca de alavancar as vendas. Se a fama dessas pessoas depende exclusivamente de o público consumir ou não o seu conteúdo, então podemos afirmar que somos detentores do poder de tornar famosas ou não algumas pessoas.
Enquanto as celebridades querem ser reconhecidas pelos seus trabalhos, por serem boas no que se propõem a fazer, as subcelebridades querem ficar no topo dos assuntos mais falados o máximo de tempo, podendo apelar para assuntos polêmicos e enaltecimento do corpo. Não existe problema algum em ter um objetivo e segui-lo a qualquer custo, mas em alguns momentos o público precisa atentar em quem coloca sob os holofotes.
No dia 9 de março, o personal trainer de 31 anos, Eduardo Alves, encontrou sua esposa mantendo relações sexuais com um homem em situação de rua, dentro do carro do casal. Inconformado, filmagens mostradas pelo Metrópoles captaram o momento em que ele tira o homem de dentro do carro e o espanca.
Segundo depoimento do personal, a esposa estava sofrendo de problemas psicológicos e, por essa razão, foi vítima de estupro de vulnerável. O homem em situação de rua, identificado posteriormente como Givaldo Alves, de 48 anos, afirmou que a relação sexual foi consensual, mas o caso continua sob investigação da equipe da 16ª Delegacia de Planaltina, no Distrito Federal, onde tudo aconteceu.
De acordo com informações do jornal O Globo, o laudo elaborado pela equipe médica do Hospital Universitário de Brasília aponta que Sandra Mara, de 33 anos, apresentava “transtorno afetivo bipolar em fase maníaca psicótica”. O relatório médico ainda detalha que, desde que foi internada, ela apresenta “delírios grandiosos e de temática religiosa”. O casal acabou se tornando piada nas redes sociais, e o caso teve grande repercussão na mídia.
Porém, quem mais se destacou na trama foi Givaldo Alves, o homem em situação de rua que está sendo investigado por estupro de vulnerável. Desde o ocorrido, ele se tornou meme, foi chamado para podcasts, exclusivas, programas de TV e agora é presença VIP em eventos da elite. Nos últimos dias, protagonizou um beijo com a influenciadora Grazi Mourao, ganhou um apartamento de Diego Aguiar, youtuber ligado a pirâmides de bitcoin, e o nome de “Mendigo Pegador”.
A polêmica com o personal foi apenas o início de uma carreira de subcelebridade, e Givaldo agora aparece em vídeos do TikTok, festas gigantescas e chegou a dizer que é ele quem dá esmolas agora.
Mas os internautas têm alertado quanto aos frequentes comportamentos dele em frente às câmeras.
Em primeiro lugar, Givaldo se tornou conhecido por um caso – ainda sem desfecho – que indica que ele pode ter cometido violência sexual, e mesmo assim, grande parte do público acredita que esse seja justamente o comportamento a ser enaltecido, como se fosse símbolo de masculinidade ou se mexesse com a fetichização da mulher mantendo relações com um sem-teto, muito ilustrada em filmes de conteúdo adulto.
Desde esse acontecimento, Givaldo já tentou beijar uma mulher à força, foi chamado por quatro partidos para disputar as eleições, pleiteando uma vaga na Câmara dos Deputados, aparece em festas badaladas e é disputado pelas pessoas querendo tirar selfies, apareceu em grandes canais, como o Flow, no YouTube, e até tatuagem em sua homenagem já houve.
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Não são poucas as pessoas que demonstram indignação pelo sucesso de Givaldo na internet a partir de um caso sério de possível violência sexual. Quando tentou beijar a mulher à força, chegou a ser aplaudido pelo público, que o encorajava e ria da situação. Outro ponto abordado é que ele foi chamado para dar detalhes da relação sexual com Sandra, mostrando que alguns veículos de imprensa se importam mais com os likes e com o “furo jornalístico” do que com a ética profissional.
Afinal, existem limites quanto ao tipo de pessoas que alcançam a categoria de subcelebridades ou o que vale mesmo é a polêmica, deixando de lado a ética e a legislação do país?