Relacionar-se hoje não está fácil. Em tempos de modernidade, se envolver com alguém a ponto de virar compromisso virou coisa demais num tempo de prazeres imediatos e soluções descartáveis – (diga-se pessoas.)
Dentro dessa busca por saciar uma carência ou de ter alguém por perto, existem aqueles que estão mesmo dispostos a encarar os afetos e as questões que envolvem a construção de uma relação a dois, mas há (muitos) outros, que fogem na primeira encruzilhada para a tal zona de conforto – ultimamente abarrotada de pessoas traumatizadas, sabotadoras e despretensiosas.
Nada contra a zona de conforto, mas há uma maioria que só sai de lá para saciar seus impulsos e vontades, sem mergulhar de verdade naquilo que poderia virar uma verdadeira história de troca entre dois seres humanos imperfeitos querendo viver algo juntos.
Relacionar-se não é fácil. A vida está cheia de histórias, lindas, verdadeiras, movidas por paixões que viraram grandes amores, que também deixaram alguns traumas, dores, rancores e um passado que deseja ser esquecido. Mas pessoas são pessoas… Cada experiência é única.
Sim, a dor de amor realmente dói, e acontece que muita gente se anestesia dela. Preferem estacionar o coração na tal zona de conforto, e estão lá há tanto tempo que se fossem um carro estariam mesmo com pneus murchos e precisando de reparos. De tanto tempo neste estado, perderam a forma de lidar com as relações. Chamo estes de sabotadores. E estes, são perigosos…
Eles são sim românticos, carinhosos, se envolvem até a terceira página, depois, somem. Sim, eles somem! E a pessoa que está vivendo esta experiência amorosa com um sabotador fica sem entender nada. Naturalmente, ela começa a achar que o problema é com ela, encontra mil defeitos em si, acredita que fez algo de errado e não entende como que num dia estava vivendo o melhor dos romances e no outro não havia nada além do vácuo.
O pior é se essa “vítima do sabotador” for uma daquelas pessoas “curadas” da zona de conforto. Neste caso, pode ser que ela volte ao estágio inicial e permaneça nessa zona por mais um bom tempo acreditando que não vale mesmo a pena se envolver. Pronto! Criou-se o tal círculo vicioso do amor. Todo mundo raso. Todo mundo molhando os pézinhos na beira, deixando a onda passar e voltando cada um para as suas cadeiras.
Os sabotadores não agem dolosamente- não há real intenção de ferir o outro diretamente, porque eles conhecem esta dor. Este movimento é mais seu mecanismo de auto-defesa. Porém, ele afeta ambos, e não permite ninguém viver sentimentos de verdade, construir histórias e se relacionar profundamente.
Não modernizem tanto o amor. Permitir acontecer também nos faz seres humanos melhores, mais ousados, mais fortes e potencialmente amáveis. Eu sei que dá medo, feridas de amor também cicatrizam. Algumas levam mais tempo, outras menos… Mas não permita ser um sabotador. É preferível ter certeza do que quer antes de fazer suas juras de amor.
O outro ser humano agradece. Mas não esqueça, amar faz bem. Se entregar também. A água pode parecer fria no início, mas depois se acostuma. Mergulhe, e deixe a vida ser o que ela tem que ser, bem vivida e intensamente.