Monteiro Lobato foi o precursor da literatura infanto-juvenil no Brasil e dedicou sua vida a escrever histórias e críticas também.
Sendo um dos primeiros e maiores autores da literatura infantojuvenil na América Latina, Monteiro Lobato foi escritor, editor, empresário, fazendeiro e chegou a se formar em Direito na universidade. Durante sua brilhante carreira, sua obra de maior destaque foi “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, que é conhecida por todo o Brasil, além de ter se transformado em novela, desenhos animados e tantas outras representações por ser tão querida pelo público.
Infância
José Renato Monteiro Lobato , mais conhecido como Monteiro Lobato, nasceu no dia 18 de abril de 1882, na cidade de Taubaté, em São Paulo. Ele era filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato, e foi alfabetizado pela mãe durante a infância, quando tinha 6 anos de idade. Foi ela quem despertou sua paixão pela leitura, fazendo com que o pequeno Monteiro Lobato “devorasse” os livros da biblioteca de seu avô materno, Visconde de Tremembé.
Em 1889, Monteiro Lobato começou a estudar no colégio Kennedy, e desde dessa época, já demonstrava um comportamento inquieto, diferente dos demais. Então, aos 10 anos, ele deixou todos escandalizados, incluindo sua família e os fazendeiros do Vale do Paraíba, ao se recusar a fazer a primeira comunhão na igreja católica.
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Em 1896, quando estava com 14 anos, Lobato começou a estudar no Instituto de Ciências e Letras, em São Paulo. Dois anos depois, porém, seu pai faleceu e logo em seguida, sua mãe também o deixou, tendo que ir morar com as irmãs junto do avô, o fazendeiro Visconde de Tremembé.
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Após a morte de seu pai, que aconteceu em junho de 1898, Lobato pegou de herança a bengala que era do pai, que tinha as iniciais “J.B.M.L.” gravadas. Sofrendo pela morte do pai, ele decidiu mudar o seu nome para José Bento Monteiro Lobato, somente para que suas iniciais ficassem iguais às de seu pai, escritas na bengala.
Carreira
Monteiro Lobato, em 1900, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, sob a imposição do avô, no entanto, seu desejo era estudar Belas Artes. Na época, ele já era independente e morava em uma república de estudantes no centro da capital, junto com seus amigos Lino Moreira, Godofredo Rangel e Raul de Freitas. A amizade com Godofredo, inclusive, anos depois daria fruto ao livro “A Barca de Gleyre”.
Ele e os amigos começaram a escrever um jornal publicado em Pindamonhangaba, no qual usavam vários pseudônimos, fazendo oposição ao prefeito daquela época. Lobato também escrevia para o jornal da universidade e já demonstrava preocupação com as causas nacionalistas.
Em 1904, na sua festa de formatura de Direito, Monteiro Lobato fez um discurso bastante agressivo, que fez com que várias pessoas, incluindo padres e professores, se retirassem do local. Depois, retornou para Taubaté, onde fez um concurso para a Promotoria Pública. Ele assumiu o cargo em 1907, na cidade de Areias, no Vale do Paraíba.
Visconde de Tremembé faleceu em 1911, deixando algumas terras como herança para o neto. Lobato então se mudou para a fazenda de Buquira. Três anos depois, ele se tornou conhecido ao publicar uma carta no Jornal O Estado de São Paulo, “Uma velha praga”, que criticava a miséria e ignorância do caboclo que prejudicava o desenvolvimento da agricultura na região. Logo em seguida, criou seu personagem icônico, Jeca Tatu.
Em 1917, Monteiro Lobato desistiu da vida de fazendeiro e voltou para São Paulo, publicando uma crítica sobre as tendências modernistas, no artigo “Paranóia ou mistificação?”, ao fundar a revista “Paraíba”. No artigo em questão, o escritor chegou a criticar os quadros da pintora Anita Malfatti, o que lhe deixou fora da Semana da Arte Moderna. Na época, também teve 12 números publicados, com grandes figuras da literatura, como Olavo Bilac, Coelho Neto e Cassiano Ricardo.
No ano seguinte, comprou a Revista do Brasil, e publicou sua primeira coletânea de contos, “Urupês”, dando voz ao perfil de Jeca Tatu, um caipira brasileiro. Seu personagem chamou a atenção de Rui Barbosa, que o citou em um discurso em 1918, na campanha presidencial.
Em 1920, fundou a sua própria editora, a Monteiro Lobato & Cia, onde publicou os seus primeiros livros infantis, como “Narizinho Arrebitado” (1921), “Saci” (1921) e “O Marquês de Rabicó” (1922). Suas obras fizeram tanto sucesso, que o autor as prolongou em outros livros, finalmente dando vida ao “Sítio do Pica-pau Amarelo”.
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Em 1925, Monteiro Lobato vendeu a Revista do Brasil e decretou falência de sua editora, que a essa altura, se chamava Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato. Dois anos depois, assumiu o cargo de adido comercial em Nova York, mas em 1929, vendeu suas ações devido à crise econômica, e no ano seguinte, quando Getúlio Vargas subiu ao poder, perdeu seu cargo de adido comercial.
No ano de 1932, Lobato foi um dos fundadores da Companhia Petróleo Nacional, que se dedicou por dez anos. Anos depois, em 1941, foi preso por três semanas por críticas ao regime ditatorial de Getúlio Vargas. Quatro anos depois, foi também um dos fundadores e diretor do Instituto Cultural Brasil-URSS. Em 1946, tornou-se sócio da Editora Brasiliense, e se mudou para Argentina, por ser politicamente perseguido, mas fundou no país a Editorial Acteón. Voltou ao Brasil no ano seguinte, criticando também o governo de Eurico Gaspar Dutra.
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Vida pessoal
Durante a vida, Monteiro Lobato foi casado com Maria Pureza da Natividade, oficializando a união em 28 de março de 1908. O casal teve quatro filhos, Marta, que nasceu em 1909, Edgar, de 1910, Guilherme, de 1912, e Rute, de 1916. O autor e a esposa se haviam se conhecido e começado a namorar em 1905, quando Lobato havia voltado para Taubaté.
Falecimento de Monteiro Lobato
Depois de uma brilhante carreira como escritor, Monteiro Lobato faleceu em 4 de julho de 1948, em São Paulo. Durante sua vida, fez parte do pré-modernismo brasileiro, criando obras adultas marcadas pelo nacionalismo, realismo social e crítica sociopolítica também.
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Já os seus livros infanto juvenis, tiveram elementos históricos, mitológicos, folclóricos e científicos muito bem retratados, além de dar vida à personagens muito conhecidos até hoje: A boneca Emília, Pedrinho, Narizinho, Dona Benta, Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa, Tio Barnabé, o Saci e a Cuca. Mesmo depois da morte de Monteiro Lobato, suas obras foram traduzidas para diversos idiomas, como inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, japonês e árabe.
Obras memoráveis de Monteiro Lobato
Urupês (1918)
Cidades mortas (1919)
Ideias de Jeca Tatu (1919)
Negrinha (1920)
O Saci (1921)
Fábulas de Narizinho (1921)
Narizinho Arrebitado (1921)
O Marquês de Rabicó (1922)
Fábulas (1922)
Mundo da lua (1923)
O presidente negro (1926)
As aventuras de Hans Staden (1927)
Peter Pan (1930)
Reinações de Narizinho (1931)
Viagem ao Céu (1931)
As Caçadas de Pedrinho (1933)
História do mundo para as crianças (1933)
Na antevéspera (1933)
Emília no País da Gramática (1934)
História das Invenções (1935)
Geografia de Dona Benta (1935)
Aritmética da Emília (1935)
O escândalo do petróleo (1936)
Memórias da Emília (1936)
Dom Quixote das crianças (1936)
Histórias de Tia Nastácia (1937)
Serões de Dona Benta (1937)
O Poço do Visconde (1937)
O Pica-pau Amarelo (1939)
O Minotauro (1939)
A reforma da natureza (1941)
A chave do tamanho (1942)
Os doze trabalhos de Hércules (1944)