Você está perdendo a alegria de viver, em busca da felicidade plena?
Pearl S. Buck disse: “Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade” . O que seria então essa “grande felicidade?
Segundo o mestre Osho, a felicidade seria algo utópico, pois vivemos na busca de um estado de plenitude que nunca chega. Sempre seremos felizes quando algo acontecer, quando alguém chegar, quando tivemos casarmos, quando isso, quanto aquilo….
O futuro seria o guardião da felicidade perene, rindo da nossa ignorância, pois ele bem sabe que somente nos é dado viver o presente.
Ao par das complexas e enigmáticas questões, acerca dos paradoxos temporais, fato é que, enquanto não lançarem o cobiçado Delorean Time Machine, devidamente testado, por Marty Mcfly*, estaremos condenados a viver tão somente o agora. Não obstante, como crianças mimadas, muitos de nós – ao invés de nos deleitarmos com este “presente”, teimamos em deixá-lo de lado, mofando na árvore de natal das nossas vidas. Só pensamos no brinquedo que não ganhamos (passado). Ou fazemos pirraça, por ainda não termos alcançado o tamanho ideal para os presentes destinados aos maiores (futuro) .
Mas analogias, à parte, ironicamente, a vida real nos mostra sua cara. E em meio ao nosso cotidiano, basta um engarrafamento no trânsito e o mínimo de percepção para nos depararmos com algum menino pobre, com um passado inexpressivo e um futuro onde “ tudo é lucro”, curtindo seu momento presente ao incidir em uma pseudo “infração de trânsito por trafegar em cima da calçada com sua Ferrari (que na nossa visão não passa de um caixote de madeira). E talvez, pela outra janela da nossa Ferrari real, seja possível ainda avistar do outro lado da calçada, uma pessoa que nossa racionalidade chama de “maluco” dançando, no meio da rua. Olhos fechados, alheios à plateia e um sorriso no rosto e de repente nos pegamos sorrindo também, contagiados com a “maluquice”, essa virose estranha. Até o sinal verde nos obriga a seguir com nossas vidas, impedindo a disseminação da praga e a vontade de trocar de lugar com aquelas pessoas por um instante. Nos consolamos lembrando que até mesmo Alexandre, “O Grande”, segundo conta a lenda, um dia quis estar no lugar do maltrapilho e peculiar Diógenes.
Com sorte e um pouco mais de reflexão, levaremos conosco a sensação daquele contagiante sorriso sem causa e a percepção de que problemas sempre existirão, porque viver é superar desafios. Que é preciso saber apreciar a paisagem e saber suportar as adversidades quando elas surgem. Pois como disse Chico Xavier “ guardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre”.
Assim, continuamos vivendo em busca de uma felicidade que nunca chegará a sua plenitude…
…seja porque estará a nossa frente, seja porque talvez estejamos tão ocupados com esse futuro eventual, que não tenhamos condições de perceber e valorizar aqueles rápidos momentos, em que mesmo estando, aparentemente, sempre a frente, ela respinga em dados momentos, de nossas vidas.
Nunca percebeu? Se o passado tem sua função, além de nos trazer lições e crescimento, pode também nos auxiliar na constatação das tantas vezes em que fomos agraciados pelos orvalhos da felicidade que voaram em nossa direção: O momento em que pegou seu filho nos braços pela primeira vez; o abraço de um amigo sincero num reencontro de anos; a notícia de uma meta alcançada; os festejos do seu cãozinho (este sim sabe ser feliz); o brilho nos olhos a cada vez que pensamos ter encontrado (ou efetivamente encontramos) o amor de nossas vidas; e – por fim – o momento em que nos damos conta que estamos felizes não por nós mesmos, mas por outra pessoas (ou melhor ainda, quando pudemos auxiliar na causa deste momento feliz para ela).
Se “ser” feliz é utopia, talvez possamos “estar felizes” mais vezes. Que saibamos reconhecer as gotas de orvalho da felicidade que voam em nossa direção e transformá-las em momentos preciosos e inesquecíveis.
A felicidade pode até viver lá na frente, mas estes momentos… São presentes, e como tal, devemos desfrutá-los!
Por Patricia Oliveira Lima Pessanha
*referência à trilogia “De volta para o futuro” – 1985 e outros.