Desenvolvi a capacidade de ser feliz sozinha, não da boca pra fora, nem de fora pra dentro, mas de dentro pra fora.
Dizem que a paixão nos deixa sem capacidade de analisar os fatos racionalmente. A falta de amor-próprio e a imaturidade também. E quando essas três situações se unem em uma mesma pessoa, em um mesmo momento, qualquer possibilidade de um futuro promissor está tão perdida, quanto o ar que nos falta diante da rejeição de quem amamos.
E que atire a primeira pedra quem nunca perdeu o ar por ninguém. Meu lado Maria já perdeu, evidentemente.
Não foram poucas as vezes que senti aquele aperto no peito de matar, quando meus amores partiam e levavam a minha felicidade com eles. Uns ficavam com ela por mais tempo, outros por menos, mas o fato é que ela sempre me faltava por um período considerável, enquanto quem partiu seguia quase que intocável, curtindo o prazer que sente quem se autoafirma, através de términos de relações, por conseguir abalar emocionalmente o outro.
O amor imaturo do meu lado Maria pelo outro e pequeno por mim mesma, unido à determinação, ainda cega do meu lado Julia, que visava conquistar todos os desejos de Maria fossem eles quais fossem, entre outros fatores, não poucas vezes me fizeram correr atrás dos tranqueiras que a vida fez o favor de afastar de mim. Corri atrás da infelicidade com a garra de quem acredita estar batalhando pelo melhor para si.
Não sei se por sorte ou merecimento, por empenho ou pelo amadurecimento natural que o tempo e os belos tapas na cara da vida nos trazem, ou ainda por uma mistura de tudo isso, adquiri, através da expansão da minha consciência e da evolução das minhas duas metades, Maria e Julia, a capacidade de deixar o poder sobre a minha felicidade restrito a mim. Só a mim. Bem nas rédeas da minha mão.
Desenvolvi a capacidade de ser feliz sozinha, não da boca pra fora, nem de fora pra dentro, mas de dentro pra fora.
Embora não tenha perdido o desejo de me relacionar e ainda, minha parte Maria me faça sentir aquele fundinho de vontade de encontrar um grande amor, com direito a suspiros, eu me convenci, de Julia e Maria, de cabeça e coração, que em pleno Séc. XXI, relacionamentos amorosos não são mais obrigação. É escolha, livre escolha, escolha de coisas boas. Cenário de leveza, parceria, troca, crescimento gostoso, predominância de sorrisos. Sorrisos de união.
Sorrisos de alegria de alma e não de satisfação de ego. Sorrisos de almas companheiras e não de almas manipuladoras. Sorrisos de liberdade e não de controle. De respeito. Sorrisos de quem almeja um parceiro e não um serviçal do seu bel prazer. De quem caminha junto e não à frente do outro.
Sorriso de quem quer um amor e não um alguém, qualquer alguém. Sorriso de quem agora pensa e se protege deixando ir quem quiser ir.
Sorriso de quem agora sente, sente mais por si e reconhece que a qualidade de um relacionamento também é proporcional à vontade do outro em querer ficar de verdade e fazer dar certo.
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Sorriso enorme e profundo, que vem lá do fundo do peito, cheio de felicidade. Felicidade que só sente quem deixou de concentrar as forças na luta pela permanência de quem não agrega, para focá-las no objetivo de ser feliz de verdade, sozinho ou acompanhado. Acompanhado de gente que soma: só assim fique, por favor.
Texto escrito por Camila Bove para Maria Julia fala de amor
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