“Vim, vi, venci.” Esta expressão famosa, declarada pelo imperador romano Júlio César, representa muito bem o que é ser mãe.
Se você decidiu se tornar mãe, prepare-se, porque vai ter de passar muitos perrengues para deixar seus pimpolhos felizes.
Já viram aquele filme “Perfeita é a mãe”, com Mila Kunis, Kristen Bell e Kathryn Hahn? Já pensou no dia a dia corrido e, por vezes, enlouquecedor, que toda mãe passou ou passará em algum momento? Pois é, garota, se você está num impasse em colocar ou não uma criança no mundo, veja o filme, ele sintetiza muito bem e vai complementar o que você, querida leitora, lerá a seguir. Chama “azamigas” para debaterem juntas após a sessão.
Vou lhe contar uma das minhas recentes experiências, passada no Natal de 2018. Senhores, que saga! Sou mãe de uma pequena jovem cientista, escritora, ilustradora e arqueóloga, de 6 anos.
Natal é uma época festiva, cheia de magia, e lojas e shoppings se encarregam de ficar sedutoramente lindos para deixar qualquer um com 6 anos novamente. Como toda mãe de primeira viagem, você vai querer aproveitar ao máximo as atrações que são oferecidas, porque você é mãe, brasileira e não desiste nunca, não é mesmo?
Agora, sente-se aqui, colega, que eu vou lhe contar o que você vai sim ter de enfrentar por amor à sua criança.
- Família: Mãe atrasa de propósito para evitar encontrar outras mães ao levar filho à escola: “São fofoqueiras”
Imagine 35 (looongos) minutos com a pequena no braço esquerdo (eu já disse que sou a Mulher Maravilha?) para conseguir enxergar o encontro do Urso fofo (e desanimadoramente baixo) à entrada, com tapete vermelho, juntamente com o Bom Velhinho.
“Zamigas” tooooodas espalhadas, cada uma num canto remoto do shopping. Uma, perdeu-se – teve piriri (é, vocês leram direito, e ela vai me matar tão logo leia este post), e fiquei rindo sem parar ao receber a notícia fatídica pelo zap dela, dentro do banheiro do shopping, comunicando-me todo o sofrimento gástrico.
Tivemos a preocupação de dar algo de comer às crianças e, por pouco, por muito pouco, não perdemos a bendita fila que, antes da decisão de lancharmos, estava dando volta no estádio do Maracanã e, tão logo sentamos, milhares parecem ter sido abduzidos, porque, oh, Céus!, su-mi-ram, como num passe de mágica, da tal da fila que seguia pela Av. Brasil a vida inteira.
Uma das amiguinhas me foi entregue aos 45” do segundo tempo; o marido de uma das mães, de câmera em punho. Eu me senti a Mulher Elástica, de “Os Incríveis”, porque minha sobrinha do coração puxava de um lado, correndo, e a pequena, do outro, enquanto eu, desnorteada, passava a câmera para a assistente do Papai Noel, que tirou a bendita foto, que só durou 5 segundos. Tudo isto, por uma única foto.
Senhores, eu fui esmagada pela multidão da Carreata da Furacão 2000 para proteger, com meu corpo, a multidão de adultos que mais parecia estouro de boiada. Meu corpo doía e eu, naquele exato momento, depois de uma looonga semana, cheia de contratempos em níveis diferentes, pensei: “Mas que ideia de girico, hem, Daniele?”
Mas olhe, a foto durou 5 segundos, meu corpo foi usado como escudo para proteger as crianças (eu me senti em Resident Evil). Foi exaustivo ficar 2h30 em pé, as amigas com seus pequenos também fizeram seus deveres às pressas e, quer saber? Para ver o sorriso da minha pequena criança, faria tudo de novo.
Ser mãe é enfrentar perrengue sim, é deixar-se acreditar em urso polar de uma bebida que limpa minha privada suuuuuperbem e achar lin-do. É vibrar com as musiquinhas de Natal da Caravana, da qual eu vivia correndo atrás pelas ruas da Tijuca, quando criança, descalça, com meus irmãos gritando junto, e vibrar por poder reviver esse momento com a pequena, e é deixá-la acreditar no velho Noel generoso para que ela tenha esperança de que ainda existam pessoas que praticam a bondade desinteressadamente.
Papai do Céu sabe do que estou falando. Este texto é só para dizer que eu acredito sim no Natal e acredito sim que mãe tem que estar disposta a ser mãe.
Acredito que, assim como o Natal é uma época mágica, que tem de ser celebrada – e dane-se, se ela é comercial –, as outras datas festivas também têm que ter mães dispostas a enfrentar filas, empurrões, cansaço para mostrar para sua criança que você vai estar lá para ela, que ela importa. A fila na Páscoa para caça aos ovos de chocolate, a fila no parque de diversões para ela ir no brinquedo mais disputado. A fila da emergência, com 300 crianças com vômito e diarreia. Perrengues. Sempre estarão lá. Mas elas veem diferentemente de você, para elas, é tudo uma caça ao tesouro. Qual é? Você sabe! Já foi criança um dia, não se lembra?
Então porque você, dona moça, me diz agora que não quer passar perrengue? Simples, porque você não está pronta para ser mãe. E tudo bem. Não se sinta mal por isso. Cuidar de um ser além de você, por toda a vida, é assustador!
Ninguém disse que era fácil. E se alguém lhe disse, corredor polonês na pessoa, bloqueio no Facebook, dê perdido no zap zap, porque esta pessoa está mentindo!
Eu sei que o mundo é superficial. Nós sabemos. Mas elas, as crianças, acreditam que ele é mágico e doce. E sabe? Eu gosto de pensar assim. Pois não há nenhum mal que escureça os corações daqueles que sonham com dias melhores e decidem brilhar por onde passarem. Eu escolho acreditar que o bem vence no final. E eu escolhi ser mãe, contra todas as probabilidades.
Se você está na dúvida, linda, sossegue seu coração e escute o silêncio do tempo, ele vai lhe dizer quando será a hora certa de assumir esse desafio.
Quando a gente busca compreender e aceitar nossos medos e falhas, nosso subconsciente grita. E ele, pode ter certeza, vai berrar. Mas somente na hora certa.