Sobre o amor: algumas vezes, a lágrima liberta!
Um dia me perguntaram qual a cura para um coração partido, e falei que não sabia, pois quando um coração é partido, por mais que você tente colar, um pedaço sempre é perdido, sempre fica um feridinha que, vez ou outra, vai doer, mas que, geralmente, o tempo remenda bem.
Amar é bom, mas nem todo amor é para ser vivido. Por mais que se ame, alguns amores vão apenas passar pela sua vida, e não ser o amor da sua vida. Complicado? Um pouco, porém devemos aprender a lidar com isso. Pessimismo? Não! Realismo. Por vezes, não importa o tamanho da birra que você faça, alguns amores não foram feitos para acontecer.
Nada na vida sai como a gente quer, e em se tratando de sentimentos, menos ainda. E quando falamos de amor, a chance de sair 0% como você pensou e deseja, é de praticamente 100%. Muitas vezes, criamos, em nossa ilusão, nosso critério de perfeição e sempre terá alguém que vai se encaixar direitinho, porém, nem sempre ele é a peça que faltava no seu quebra-cabeça.
Então por que insistimos tanto? Algo chamado zona de conforto. Você está tão confortável na sua ilusão, pois nela você ama e é amado, que não quer sair, para que enfrentar a realidade que você ama sozinho. Ninguém sairia por vontade própria do amor para dor, mas, às vezes, é preciso.
Muitas vezes, não imaginamos que, ao contrário do que pensamos, sairemos da dor para o amor. Algumas vezes a lágrima liberta.
Não me refiro ao fato de pessoas entrarem na sua vida. As vidas são como ruas, alguns vão puxar uma cadeira e admirar o céu, outros vão simplesmente passar e levar consigo apenas a lembrança do belo lugar pelo qual um dia passou. E como ruas não pertencem a alguém, você não pode controlar quem passa na sua vida, mas sim aqueles que vão marcá-la.
E já é hora de aceitar que você pode, sim, ser machucado. Não somos imunes às marcas do amor, e até o maior poeta, um dia sofreu por amor, e talvez até feriu, acontece: é a vida. Logo você é um alvo, e por outro lado, idiotas sem coração sempre foram e sempre serão um grande ranço da humanidade, uma vez que o sentimento que mais falta no mundo é o amor.
Algumas lições só aprendemos na marra. Entre o hoje e o ontem existem mais vidas que se possa imaginar, então, alguns amores precisam passar pela nossa vida, simplesmente passar, e exatamente desse modo devastador.
Às vezes, pode ser apenas o seu coração, duro na queda, que não ouviu a razão dizer que esse amor não iria dar certo: Que essa amizade era falsa, ou que o grande amor tinha outros mil amores, amava qualquer outro, menos você.
Quantas vezes você tentou, mesmo sabendo que deveria parar ou com aquela voz, lá no fundo, sussurrando: Hei! Volta! Que vai dar ruim! O amor é seu, você o convidou, ele entrou, fez a bagunça que queria e se foi, com os pés ainda sujos deixando o seu rastro por onde passar. Triste? Sim! Mas você o convidou. O amor costuma ser festa VIP, olhe bem para quem você entrega seus convites.
Mas foi bom enquanto durou, acredite! Como disse: alguns amores não são para ser vividos, e você precisa deixar ir. Quando se tem mais dor do que riso, quando dói mais a presença que a ausência, quando a indiferença supera a saudade, chegou a hora de dizer adeus!
Eu sei que é difícil, mas há grande dificuldade em abrir mão, mesmo quando machuca, é que alguns amores machucam tanto que nos fazem acreditar que estamos no limite da dor, e que pensar em outra ferida tão profunda seria mortal. Mas por incrível que possa parecer, são essas novas feridas que nos impulsionam a viver; a vida também é feita de dores, infelizmente.
Então, deixe ir… você é mais forte do que pode imaginar. Lembre-se do pior dia da sua vida, você sobreviveu.
Não podemos escolher nos ferir ou não, porque as feridas são inevitáveis, e ao contrário do que se pode pensar, a libertação pode nos trazer paz.
No início pode doer, mas depois, vai aliviar. E quanto à ferida? Pode doer para sempre, porém não sempre, e só vai sangrar se você colocar o dedo.
Além disso, cicatriza, as feridas sempre cicatrizam.
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