Na quinta-feira (3), a Polícia Civil indiciou o médico André Lorscheitter Baptista, de 48 anos, por maus-tratos ao seu filho de dois anos. Ele é acusado de ter assassinado sua esposa em Canoas, na Região Metropolitana, em outubro de 2024, e se encontra preso.
Detalhes das acusações
Segundo Maurício Barison, chefe da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas, o médico vinha administrando um sedativo à criança desde que ela tinha sete meses. O indiciamento se deu por maus-tratos através do uso abusivo de disciplina ou tratamento.
De acordo com o delegado, a conduta do suspeito colocou em risco a saúde do menino, mesmo que não houvesse a intenção explícita de causar dano, mas sim alterar seu comportamento.
Baptista está detido na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) desde 29 de outubro do ano passado. Ele é réu sob a acusação de ter assassinado sua esposa, Patrícia Rosa dos Santos, de 41 anos, utilizando sedativos e outros medicamentos.
Em contato com a reportagem do portal GZH, a defesa de Baptista afirmou que ainda não teve acesso aos detalhes do indiciamento.
Evidências encontradas
A polícia encontrou frascos do medicamento na residência onde o menino morava com os pais, no bairro Igara, em Canoas. Após essa descoberta, o homem foi detido sob suspeita de envenenar sua esposa. Laudos do Instituto-Geral de Perícias confirmaram a presença de medicamentos no organismo de Patrícia.
A investigação se estendeu por seis meses e incluiu um vídeo onde a criança parecia estar sob efeito intenso de sedativos. Na escola, ele apresentava um andar instável, fala arrastada e olhar inexpressivo. Exames clínicos e toxicológicos foram feitos, mas os resultados não foram conclusivos devido ao tempo necessário para metabolização das substâncias.
Testemunhas entrevistadas pela polícia relataram que essa situação era comum. Imagens das câmeras de segurança e o celular da vítima também foram analisados.
Algumas testemunhas relataram que a mãe do menino confidenciava para amigas que o suspeito administrava um medicamento benzodiazepínico (…) no menino desde os sete meses de idade. A mãe não conseguia confrontá-lo em razão do que o suspeito poderia fazer com ela explicou o delegado.
Conforme informado pelo delegado, não havia justificativa médica para que a criança recebesse tais medicamentos.
Feminicídio e fraude processual
Baptista está detido na Penitenciária Estadual de Canoas desde 29 de outubro. Ele enfrenta acusações de feminicídio e fraude processual, com agravantes relacionados ao fato de a vítima ser mãe da criança (filho do acusado); desprezo ou discriminação pela condição feminina; uso de veneno e métodos que dificultaram a defesa de Patrícia.
A audiência inicial do caso está agendada para 30 de junho. Conforme informações da Justiça, ocorrerá às 14h na 1ª Vara Criminal da Comarca de Canoas. Além das testemunhas, existe a possibilidade de que o réu também preste depoimento no mesmo dia.
Registro profissional suspenso
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) impôs uma interdição cautelar total ao médico. O registro profissional dele foi suspenso, e ele está proibido de praticar a medicina por um período de seis meses.
Essa decisão foi ratificada em 19 de março de 2025 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A interdição cautelar é um procedimento administrativo que pode ser adotado pelos Conselhos Regionais até a conclusão do Processo Ético-Profissional, que ainda não tem uma data definida.
Se você presenciar um episódio de violência doméstica ou familiar, e sentir que as vítimas estão correndo risco imediato, não hesite em ligar para o 190, acionando obrigatoriamente a polícia e o socorro.
Para casos não emergenciais, basta ligar para o 180 ou para o Disque 100, ambos os canais estão disponíveis todos os dias, em qualquer horário e oferecem orientações às vítimas de violência doméstica, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
Os números também atendem denúncias sobre pessoas idosas, população LGBT, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.