A realidade de cada um, talvez só o travesseiro conheça. “Diga o que disserem, o mal do século é a solidão.”
A solidão é uma realidade que anda na contramão da atualidade, visto que o mundo está cada vez mais populoso. É tão estranho isso, as cidades superlotadas, os condomínios cheios de moradores e as pessoas cada vez mais sozinhas. É complicado compreender que apenas uma parede o separa do vizinho ao lado, e no entanto, vocês não se conhecem.
O vínculo entre vocês se resumem a um “bom dia” superficial dentro do elevador.
Tanta gente ao nosso redor, e não podemos contar com ninguém. Ninguém para tomar um café; ninguém para bater à sua porta e oferecer um chazinho caso o escute tossindo; ninguém para propor um revezamento para levarem as crianças à escola, já que são vizinhas e estudam no mesmo colégio.
A autossuficiência é cada vez mais buscada. As pessoas parecem temer a possibilidade de precisarem de um vizinho ou de um familiar.
Tudo bem, não precisar de ninguém pode até ter um lado bem positivo, talvez a sensação de não incomodar. Entretanto, há um ônus nisso: quando nos apoiamos em nossa autossuficiência, perdemos a oportunidade de construir vínculos. Quando mostramos a nossa fragilidade, damos ao outro a oportunidade de sentir-se útil, e, nessa atmosfera, construímos pontes, ao invés de muros.
Considerando muitas exceções, acredito que a solidão anda de mãos dadas com o orgulho.
O orgulhoso percebe como humilhante a ideia de precisar de alguém e vai se isolando cada vez mais, na tentativa de transmitir uma imagem de superioridade, como se receber o auxílio de alguém fosse uma dívida impagável.
É triste tanta gente se esbarrando e ninguém se tocando, ninguém se olhando, ninguém interagindo. Um monte de seres encapuzados, blindando-se uns dos outros.
Tanta máscara… tanto vazio. A realidade de cada um, talvez só o travesseiro conheça, encharcado pelas lágrimas, quando a alma se despe do orgulho, da soberba, e das aparências.
Renato Russo acertou em cheio quando cantou: “Diga o que disserem, o mal do século é a solidão.”
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