Até o ano passado ainda não havia ouvido falar ou lido sobre essa inusitada palavra, ho’oponopono. O meu primeiro contato com ela ocorreu por meio de um amigo, que me recomendou pesquisar a respeito. Ele dizia ser bastante útil e eficaz a prática da prece hooponopono, que, em nós, intervém no sentido do desenvolvimento do perdão em nosso íntimo e da cura pessoal e interpessoal.
Naquele mesmo momento, informei-me acerca da excêntrica palavra e, aos poucos, li artigos na internet que a apresentavam como um tipo de prece poderosa, ou o mais poderoso processo de perdão, o qual promove a cura, a libertação das dores emocionais, também curando, por outro lado, as pessoas que possuem problemas conosco.
Hooponopono, uma palavra havaiana em que “hoo” significa causa e “ponopono” perfeição. Suas traduções indicam, “corrigir um erro” ou “tornar correto”. O termo e seus usos técnicos foram criados pelo psicólogo havaiano Ihaleakala Hew Len, que curou pacientes criminosos insanos e violentos, no Hospital do Estado do Havaí no qual trabalhou por quatro anos, ao utilizar a técnica da prece e sem sequer ter tido contato pessoal ou visual com os pacientes. Ele revisava os prontuários médicos e, ao mesmo tempo em que se curava, pronunciando a prece, curava os pacientes, que abandonaram o anterior padrão comportamental violento.
Toda a noção lida sobre o complexo conceito ho’oponopono foi rentável para mim, especialmente pelo contato com o assunto em um momento oportuno. Confesso que fiquei admirada e instigada enquanto lia artigos a respeito. Acabava de deparar-me com um tipo de prece da qual, realmente, precisava naquele momento, ao ponto em que, de imediato, passei a aplicá-la em meus dias a fim de aliviar certos fardos emocionais.
Uma prece que desenvolveria em mim a habilidade do autoperdão e este sentimento de cura pessoal seria estendido a quem me desafeiçoava – que, por sua vez, também me perdoaria. A partir de então passei a praticá-la com bastante fé e em pouco tempo encontrei bons resultados em meu íntimo e boas mudanças ocorreram na minha vida. Como gratidão e por reconhecer sua eficácia, defendo-a como uma prece especial que pretendo exercitar por toda a minha vida.
Na cultura dos antigos havaianos os erros advêm dos pensamentos, mas para o psicólogo Len não são quaisquer pensamentos os responsáveis por ocasionar os desacertos. Para o psicólogo, são os pensamentos impregnados por memórias dolorosas do passado que nos motivam aos erros e à negatividade energética. O ho’oponopono atua, justamente, nessas disfunções como uma maneira de liberar a energia estagnada, limpando-a dos pensamentos ou erros lastimosos do passado, os quais, inclusive, caso não sejam tratados e curados, podem desencadear doenças e desequilíbrios mentais em quem os sentem e os conservam.
Ho’oponopono é, então, antes de qualquer circunstância, a purificação de nossas energias densas. Este é o primeiro estágio desse significativo método e prece de cura pessoal e interpessoal. Por conseguinte, após a energia ser limpa e estar liberada, uma nova “etapa” surge, o que os budistas chamam de vazio é preenchido pela luz da divindade (ou Deus).
Ho’oponopono promove uma neutralização dos sentimentos e memórias daninhas para darem lugar aos sentimentos de agradecimento, paz, equilíbrio e de iluminação pessoal. Autoperdão para a efetiva ocorrência do perdão maior e compartilhado entre as pessoas. Amor próprio para o desencadeamento do amor coletivo, conjugal, familiar etc. Autocura para decorrer a cura dos desafetos que fazem ou fizeram parte do nosso mundo, no passado ou no presente. Perfeito, assim mais uma vez enfatizo, havia encontrado uma prece ou uma oração que me mitigava e trazia-me, aos poucos, bons resultados. Eis suas elocuções:
“Divino Criador, pai, mãe, filho em um… Se eu, minha família, meus parentes e ancestrais lhe ofendemos, à sua família, parentes e ancestrais em pensamentos, palavras, atos e ações do início da nossa criação até o presente, nós pedimos seu perdão… Deixe isto limpar, purificar, liberar, cortar todas as lembranças, bloqueios, energias e vibrações negativas e transmute estas energias indesejáveis em pura luz… E assim está feito.
Sinto muito, sou grato (a), te amo, perdoe-me.”
(Esta última frase pode ser falada ou pensada várias vezes enquanto mentaliza-se a pessoa ou a situação/problema)
Nessa prece, a total responsabilidade é compreendida de uma outra maneira, um tanto inovadora e avançada. Para Len, não somos apenas responsáveis pelo que fazemos e sentimos, mas somos, também, responsáveis pelo que as outras pessoas do nosso convívio fazem e sentem. Quando li a respeito pensei, “que situação complexa, mal lido com meus próprios problemas. Como posso desencadear em alguém erros que não cometi?”.
Abri a minha mente e acabei por concordar que somos capazes de criar todas as situações, ações e sentimentos em quem convive conosco ou passa por nossas vidas, incluindo suas impressões, positivas ou negativas, a nosso respeito. O princípio revela nossa obrigação constante em relação às nossas ações problemáticas e às ações problemáticas das outras pessoas. Este é um dos métodos mais eficazes para lidarmos com os problemas e superá-los, porque na prece convidamos ao nosso encontro o amor e o desejo do perdão sincero.
Sendo assim, todos os problemas que nos cercam, envolvem e atingem são 100% de nossa inteira responsabilidade. Cabe, então, a cada um de nós o esforço para sobrepujar os problemas que causamos e os que nos são causados. Em nosso mundo físico, tudo o que nos acontece é fruto de nossa criação e ação. Se erramos, somos capazes de corrigir; se ferimos, somos capazes de realizarmos a cura. Porém, todo o princípio do bem e da cura é iniciado, primeiramente, dentro de nós mesmos, e não em nosso outro. A mudança, incipiente, é de nossa inteira responsabilidade.
Com o propósito de que essas noções nos fiquem ainda mais claras, em matéria publicada pelo jornal The New York Times, datada de setembro de 1997, uma entrevista foi realizada pela psicóloga Cat Saunders ao criador da técnica ho’oponopono, Ihaleakala Hew Len. Este estudioso assim pronunciou o que, para mim, foi uma de suas mais cativantes e esclarecedoras mensagens, naquela conversação, sobre seus meios de pensar e de trabalhar a psicologia, sob um viés mais espiritualizado. Len, então, questionou:
“O que há de errado comigo que está levando esta pessoa a me incomodar? Aliás, pessoas só aparecem na sua vida para lhe incomodar! Quando você sabe disso, pode superar qualquer situação e se libertar. É simples: ‘Sinto muito por tudo que está acontecendo. Por favor, perdoe-me’.”
Neste aspecto, portanto, é que se inicia a autocura. Todo problema que nos aparece deve ser trabalhado em nosso interior. Não mudaremos os comportamentos e as ações das outras pessoas, senão quando nos transformamos e nos curamos das nossas próprias condutas erradas, assim como quando apaziguamos nossos sentimentos e as maneiras pelas quais lidamos com as situações problemáticas que surgem na vida.
Sob um outro ponto de vista, a prece ho’oponopono converte-se em um necessário e constante exercício da empatia humana. Assumir a total responsabilidade até mesmo por problemas que não cometemos diretamente, em primeiro plano, mas sim uma outra pessoa, e trabalharmos em nós as raízes do desenvolvimento da resolução dos problemas que afetam a outra pessoa, é um reconhecimento da nossa condição humana errante – e, mais, um exemplo da prática da empatia. O erro está aquém do outro, está antes em mim. Logo, em primeira ordem, devo me curar.
Nesta lógica, não há necessidade de senso de moralidade e mesma justiça, pois não damos forças a tais noções conectadas ao ego e ao intelecto. Não sentimos o desejo de impor-nos corretos, ou bons exemplos a serem seguidos. Apenas procuramos a nossa cura a fim de que, por suas maneiras independentes, nossos desafetos assim também sintam a energia do amor e a da mais pura e verdadeira resignação que emanemos.
Por meio da prece, então, curam-se, também, as pessoas que nutrem maus sentimentos a nosso respeito. Este é o principal propósito da prece, que cada um de nós, em seu próprio tempo, efetue a autocura e assuma 100% de sua responsabilidade sobre as ações problemáticas dentro de si e mesmo nas pessoas do convívio pessoal e social.
Esta é mais uma ocasião ideal, portanto, para um convite à prática da cura poderosa. Assim como eu, caso você também tenha fé, permita-se à chance do clamor ho’oponopono à divindade. Busque a sua cura e ampla purificação energética. Desejo a todos os mais sinceros votos de felicidades, equilíbrio, paz e amor!
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Créditos: Vídeo e artigo indicados para estudo sobre o assunto: Ler a entrevista na íntegra em: