Ela continuará sua caminhada fora do planeta Terra, levará seu sorriso para iluminar outras dimensões.
Certo dia, acordei com a notícia da morte de uma pessoa querida. Ela não era uma amiga, mas tínhamos estudado juntas e costumávamos nos encontrar em eventos festivos. Mantínhamos convívio nas redes sociais, essa forma estranha de amizade que nos faz sentir próximos de quem está distante e muitas vezes nos distancia de quem mora na mesma casa.
Na época em que fomos colegas de aula, ela fazia tratamento contra um câncer e agora a doença colocava um ponto final em sua vida. Minha primeira reação foi de tristeza. Uma mulher jovem, alegre, inspiradora não estaria mais aqui. Li mensagens da família e de amigos dela e percebi que a morte tem muitas caras – depende do olhar do observador para vê-la como escuridão ou luz.
A visão espiritualizada da vida que ela tinha me deu alento. Em uma rede social, escreveram que ela havia partido para continuar sua evolução em outro local.
Nada de “descanso” ou palavras de consolo normalmente ditas em velórios. Ela continuará sua caminhada fora do planeta Terra, levará seu sorriso para iluminar outras dimensões da vida – já que sua crença prega que somos espíritos eternos. É uma bela visão da vida e da morte.
Quantas vezes evitamos falar na morte, como se assim pudéssemos evitar essa etapa da vida? Por que não a vemos como parte de um ciclo?
Outro dia li que no leste da Índia e na cultura maia se aprende que a morte abraça os que estão morrendo, proporcionando-lhes sensação de alívio e amenizando suas dores. Também dizem que ela, a Morte, vira o bebê no útero colocando-o na posição certa para nascer. Além disso, creem que ela consola aqueles que se sentem solitários. Essa visão dá à morte uma cara totalmente diferente da que estamos acostumados a imaginar.
Independente da crença ou visão que temos da morte, o fato é que ela nos chama à vida. Quando nos deparamos com a partida de familiares, amigos, conhecidos ou mesmo pessoas distantes, somos tocados e impelidos a valorizar a vida que temos – pois, querendo ou não, a sabemos finita.
A notícia de morte, que me acordou naquela manhã, trouxe também o despertar para a ação. Imediatamente lembrei o quanto é frágil e fugaz nossa estada neste intervalo de tempo que chamamos vida. Resolvi contatar as amigas que não via há tempos, visitar a família, dizer o quanto são importantes para mim.
A morte recém sabida acendeu a luz para a necessidade do convívio, de valorizar o tempo junto às pessoas queridas. Acendeu a luminosidade da vida que ainda me sorri.
Direitos autorais da imagem de capa licenciada para o site O Segredo: 123RF Imagens.