Há algumas semanas propus a mim mesma um desafio: meditar diariamente durante um mês.
O motivo? Já tinha lido tanto sobre os benefícios da meditação que comecei a achar que talvez estivesse perdendo alguma coisa.
Vai que meditar dá um jeito na minha ansiedade?
E minha insônia, vai que passa?
Se eu ficar mais concentrada no trabalho, então, opa, está perfeito!
E foi assim que começou a coisa toda.
Eu, que sempre achei meditação coisa de gente iluminada, de repente estava ali fechando os olhos para ver o que acontece.
Mas, como já era de se esperar, eu não entrei em estado meditativo, nem esvaziei a mente, muito menos visualizei luzes brancas brilhantes.
Ok, nada de extraordinário aconteceu, mas já tinha pesquisado o bastante para saber que isso não ia mesmo acontecer.
Mas eu também não contava que fosse fazer uma grande descoberta logo no primeiro dia de meditação. E o que eu descobri fez toda a diferença para que eu continuasse meditando pelos 30 dias de desafio.
O que descobri na primeira sessão de meditação
Nada de outro mundo, nem complicado.
Descobri simplesmente que quando eu me concentrava na minha respiração – no movimento de inspiração e expiração do ar – eu conseguia focar no momento presente.
Conseguia me concentrar no que estava fazendo naquele exato momento, esquecendo todo o resto, pelo menos por uns instantes.
A lista de tarefas, as contas do fim do mês, as preocupações com o futuro.
Conseguia pensar nisso tudo e deixar os pensamentos passarem, retomando o foco para a minha respiração. De curto e rápido, o ritmo dela passou a lento e profundo. E eu fui sentindo as tensões dos ombros se desfazendo, a mente se aquietando.
E isso era mais do que eu podia esperar da primeira sessão.
Era o ponto de partida para eu entender que essa história de focar no presente pode realmente fazer diferença na meditação e na vida cotidiana.
O tal “aqui e agora”, que eu já conhecia dos livros de autoajuda e da técnica do mindfulness, começou a fazer mais sentido para mim.
É o mesmo “aqui e agora” que Rubem Alves fala neste trecho de “Carpe Diem: a alegria mora no agora”.
”A gente fica esperando que ela haverá de chegar depois da formatura, do casamento, do nascimento, da viagem, da promoção, da loteria, da eleição, da casa nova, da separação, da morte do marido, da morte da mulher, da aposentadoria… e ela não chega porque a alegria não mora no futuro, mas só no agora”.
Tentando focar no presente
O desafio da meditação acabou e eu continuo meditando. Não é todo dia, mas tudo bem também. Meditar está longe de ser uma obrigação!
Além da meditação, comecei outros pequenos movimentos no dia dia na tentativa de focar mais no momento presente.
Sigo tentando e sei – e você também sabe – que não é lá muito fácil. Outro dia li aqui no O Segredo que a mente tem em média 70 mil pensamentos por dia. É muita coisa!
Mas também sei que dá para treinar essa danada! rsrs
Veja as mudanças que já coloquei em prática:
1. Criar listas mais realistas
Você, leitor, deve ter uma listinha por aí. Pode ser que a sua esteja no post-it, no bloco de notas ou no aplicativo de celular.
Nela você anota as tarefas do dia, da semana e talvez do mês.
Ótimo para a produtividade, mas você não se perde quando olha pra ela? Eu sim. Minha lista é extensa e parece que nunca vai acabar.
Aí o que acontece? Frequentemente eu começo uma tarefa já pensando na próxima. O resultado? Frequentemente começo uma coisa sem terminar outra!
É por isso que estou tentando organizar melhor a minha lista.
Listo as tarefas por ordem de prioridade e só coloco aquelas que realmente vou dar conta de concluir até o fim do dia.
Também deixo um espacinho para os imprevistos e as emergências. Acho que assim a listinha fica mais realista e eficiente!
2. Estar 100% presente em cada momento
Estou me policiando para estar inteiramente em cada momento do meu dia.
Se estou almoçando, tento me concentrar apenas nisso e não fazer nada mais.
Policio-me para não ficar pensando nos pepinos que me esperam na volta ao trabalho ou nas pendências que ainda preciso resolver no horário de almoço.
Se estou conversando com alguém pessoalmente, tento ouvir o outro com atenção, sem desviar o olhar para a tela de celular, para as notificações do WhatsApp, para o feed do Instagram.
Se estou escrevendo um texto, como esse que você está lendo, tento não me distrair lendo e-mails ou abrindo mais uma aba no meu navegador.
3. Exercitar a gratidão
Comecei a listar os motivos pelos quais me sinto grata.
Estou tentando fazer isso diariamente, para me “forçar” a reconhecer o que tenho hoje. Agradeço pelas pequenas coisas do meu dia ou por aquilo que tenho de mais precioso na minha vida. A família, por exemplo.
Esse sentimento de gratidão está me fazendo encarar o presente com mais positividade, porque me lembra que coisas boas acontecem todos os dias e que não preciso esperar nada de grandioso acontecer para me sentir grata.
4. Viver um dia de cada vez
Quem nunca ouviu esse sábio conselho de viver um dia de cada vez?
Um clássico clichê, mas que quando entra na minha mente, faz revolução.
Faz com que eu vá com calma e entenda que não preciso resolver todas as coisas agora, exatamente hoje.
Faz com que as preocupações fiquem menores também, porque não estou gastando tempo e energia me preocupando tanto com o futuro.
Faz com que eu viva com menos pressa, controlando mais a ansiedade e exercitando a paciência.
5. Desconectar
A tecnologia é maravilhosa, mas eu tento me afastar dela de vez em quando. São tantos estímulos e tantas informações que a minha mente fica exausta.
Sinto a necessidade de me “desligar” às vezes, ainda que seja difícil, porque dependo da tecnologia para trabalhar.
Mas vou tentando colocar limites na nossa relação, porque sei que ela é perigosa e que, se eu deixar, ela me leva a todos os lugares. E aí, adeus aqui e agora!
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