Eu não sabia por onde começar. Se era melhor pedir desculpas por minhas falhas, ou agradecer por ter a oportunidade de falhar e dessa forma, entender que meus erros também são uma parte bonita de mim.
Eu estou grata por errar todas as coisas que errei durante a vida, mesmo que isto signifique ter ficado muitas vezes triste, sabe como é, acontece de a gente fazer pelo outro o que ele não faria por nós. E aqui vai o primeiro erro: esperar reciprocidade. Deveríamos cancelar todas as expectativas e viver só para o frio na barriga das surpresas, mas também seria um erro não esperar o melhor das pessoas e acreditar num mundo cruel destes.
Você pode achar que errou por ter falado demais, ou por ter se calado quando o peito implorava para que gritasse tudo o que te aflige. Pode achar que errou por ter feito isto e não aquilo, por não ter atendido à ligação ou por não ter tido a coragem de retornar. Pode achar que errou por não aceitar e nem pedir perdão. Pode ainda jurar de pés juntos que seus erros são o que atrapalham tudo em sua vida. Mas eis aqui um alívio nessa culpa toda que você carrega, existe um lado bonito que ninguém lembra (e espero que isto te ajude agora a lembrar com mais frequência): seus erros também são a sua melhor parte.
Você não saberia correr, se não tivesse caído tantas vezes andando. Não saberia cantar, se não confundisse diversas vezes a melodia. Não saberia o ponto certo do arroz se não o deixasse papa e outras vezes queimasse. Não teria calado e apaziguado a conversa se não tivesse argumentos interruptos em outra discussão. E não teria conseguido pensar em tantos argumentos se não tivesse calado quando alguém não se calou.
Se não fossem os erros para fortalecer, que seres humanos mais medíocres seríamos? Sem experiências e cognição para julgar o certo e o errado. Qualquer decisão anula uma opção, então que assim seja e que este risco seja válido para o acerto, mas também para o erro. Sem se martirizar e envolver justificativas de fulano e cicrano, apenas aceitar a falha e partir, mais forte e seguro das próprias escolhas. Felizmente é natural, o erro vem uma hora ou outra, mas antes de gravar na memória com a totalidade de culpa, lembre-se que o menos importante do erro é de fato, errar. Lembre-se de todas as vezes que errou por se perder no caminho, mas aprendeu uma trilha mais curta na volta. O erro ao final de contas se torna isto, a trilha curta cheia de flores que aprendemos a trilhar sozinhos.
E sem tortura, o erro deveria ser responsável pela capacidade de admitir a própria falha nas escolhas e atitudes, mas erra também quem não se constrói em cima disto porque se acha fraco sem assumir. Precisamos aprender: apenas o que vier é o que se merece para a própria construção, de uma versão cada vez mais bonita de si, então tire o proveito dessa oportunidade. O acerto é nada menos que o nariz empinado de alguma vitória, já o erro vem tomado de humildade e mais tarde, aceitação. Com tudo, pense bem, errar também é uma forma de se acertar para o mundo, para si e para as relações. Errar é mostrar a própria construção, e por fim, entender que são a parte mais bonita de sua história.