O que é sucesso para você?
Dia desses na casa dos meus pais, entre uma bagunça e outra, revi fotos antigas e remexi caixas guardadas no meu antigo guarda-roupa.
Entre as tantas preciosidades estavam os meus diários. Escrevi relatos e reflexões até os meus 18/19 anos.
Foi surpreendente estar diante da minha antiga eu. Foi assustador também. Muitos sonhos haviam se realizado, outros jamais foram tirados do papel por motivos óbvios, mudaram da água para o vinho. Por exemplo, ter filhos. A minha antiga eu queria ter a primeira cria aos 25, o segundo aos 27 e o terceiro aos 30. A cada dia me aproximo mais do 30 e a maternidade parece mais distante, ainda não virou pauta por aqui.
A minha referência de sucesso daquela época pouco tem a ver com a referência de hoje.
Sucesso para mim não tem a ver com a quantidade de dinheiro que tenho no banco ou dos filhos que vou colocar no mundo. Tampouco faz relação com o cargo que assumo num projeto ou do bairro que pretendo morar.
A maturidade me trouxe um certo dinamismo, sabe? Tudo muda o tempo todo. E tive que aprender no dia a dia que está tudo bem ser assim. Já falei por aqui e repito, segurança deveria ser uma palavra abolida do dicionário. Jamais estaremos 100% seguros ou perto do significado da palavra. A sociedade criou esse modelo falido de segurança para gerar ansiedade e transtornos em torno de algo que nunca será tangível.
O sucesso que tanto dizem, tem gosto peculiar e varia de paladar para paladar. O sucesso para mim, tem gosto de liberdade com pitadas de tempo livre. De acompanhamento, a satisfação em ver escolhas bem feitas dando bons frutos. A remuneração, o parceiro de vida e a criação de uma família acabam sendo consequência de todas as minhas escolhas, assim como o sucesso em si.
Se até os 18/19 anos o sucesso era projetado no externo, aos 30, é aqui dentro. Uma fantástica sensação de receber bela salva de palmas, sabe? Chegamos até aqui, ufa! Apesar do alívio, fica a dúvida: será mesmo que alcançar os 30 faz com que a gente se aproxime do sucesso? Talvez.
Arredondar a idade tem lá sua responsabilidade, mas sem ação, os planos acabam se apegando ao papel e de lá não saem. Se eu prezo por liberdade – como é o meu caso – o que eu estou fazendo para me sentir verdadeiramente livre?