Gianni Bernardinello deixava cestas de pão para todas as pessoas afetadas economicamente pela pandemia.
Ajudar o próximo é algo que ouvimos desde nossa infância, fomos educados sabendo que é importante fazer o bem, sem esperar nada em troca. Todos concordam com isso, porém não é sempre que vemos atitudes como essa resplandecendo na sociedade, tanto que quando acontece, todos os jornais querem noticiar. Isso se deve ao fato de que habitamos um espaço que exige de nós comprometimento com o tempo, trabalhamos para pôr comida na mesa, e nem sempre conseguimos reparar nas pessoas que precisam de uma ajuda, por menor que seja.
Mas existem alguns indivíduos que fazem questão de se comprometer com o próximo, não importa se também têm pouco a oferecer, o que importa é que fazem isso de forma natural. Quando uma crise econômica e sanitária, como a que estamos vivendo agora, surge, é aí que vemos quem tem bondade no coração e quem segue, sem reparar nas pessoas que estão em volta.
Segundo o The New York Times, quando a pandemia começou a assolar a Itália de um jeito sem precedentes, um padeiro de Milão começou a deixar grandes cestas com comida do lado de fora de sua loja. Eram cestas recheadas de pães, doces, pizzas e várias guloseimas deliciosas. Junto com ela, Gianni Bernardinello deixava uma placa informando que era para “dar uma mão” aos necessitados e que qualquer um que precisasse podia pegar, mas sempre pensando no próximo.
Os produtos que ele oferecia não eram sobras do dia anterior, eram alimentos recém-preparados. E logo que ele enchia a cesta do lado de fora da sua padaria, fazia questão de sair dali.
A atitude do padeiro era para evitar qualquer tipo de constrangimento, já que as pessoas ficariam envergonhadas de pegar os alimentos, caso alguém estivesse ali fiscalizando. Para os amigos, Gianni dizia que deixava apenas os produtos que sobravam no final do dia, mas todos sabiam que, logo pela manhã, o padeiro colocava fornadas quentinhas de comidas da melhor qualidade.
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Infelizmente, Gianni morreu vítima da mesma doença que acometia financeiramente as pessoas que ele ajudava, a covid-19. Antes de ser infectado pelo vírus, o padeiro de 76 anos fazia questão de ir todos os dias à sua loja, mesmo que suas filhas implorassem que ele permanecesse em casa.
Gianni dizia que, entre as paredes de sua padaria, em 130 anos, não houve um dia sequer que os pães não tivessem sido produzidos, mesmo durante a Segunda Guerra Mundial.
Gianni Bernardinello nasceu em 1943, em Montù Beccaria, uma cidadezinha próxima a Milão. Seu pai Aldo Bernardinello trabalhava em uma fábrica de motores para carros, e sua mãe Carla Guastoni Bernardinello se ocupava do trabalho doméstico, da administração da casa e do cuidado da família. Aos 12 anos, Gianni já começou a trabalhar para ajudar com as contas da casa, como aprendiz de ourives. Logo depois ele se tornou fotógrafo de moda e, em seguida, abriu um negócio de fios.
Em 1980, o setor têxtil entrou em crise e Gianni precisou procurar outras oportunidades de negócio. Ele costumava dizer às suas filhas, durante essa busca pelo que fazer e onde investir, que queria apostar em algo de que as pessoas sempre precisam. Em 1989, comprou a Padaria Macchi, mas nunca havia se aventurado a assar pães. Por sorte, o antigo proprietário se ocupou de ensinar-lhe tudo o que sabia.
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Ele colocou o nome de sua loja de Padaria Bernie, apelido que muitos amigos lhe deram, e logo se tornou o ponto de encontro da região. Muitos frequentavam aquele espaço para ouvir Gianni falar sobre suas novas paixões, como os drones, ou mesmo para descobrir qual a próxima façanha dele. Até festivais de jazz no bairro o padeiro promovia! Era uma figura conhecida onde quer que fosse, não porque tinha posses, mas porque era muito alegre e comunicativo.
Logo que a pandemia começou, na Itália, a Padaria Bernie se tornou ponto de coleta de mantimentos básicos, como açúcar, molho de tomate e macarrão. Depois de sua morte, sua filha Samuela Bernardinello assumiu o negócio e continua a encher as cestas com pães recém-assados. Gianni ensinou que é necessário ajudar quem necessita, porque as pessoas sempre precisam de pão.
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