Eu não vou parar de fugir toda vez que alguém disser “Eu gosto de você”.
Eu sei que você irá dizer que tenho expectativas esmagadoras, irreais e infantis a respeito do amor. Que você não tem obrigação de limpar a sujeira de cachorros que não são seus. Mas por favor não faça isso! Prove-me ao contrário. Me ensine a amar de novo.
Será que você não consegue de fato me ver? Se você tentasse, veria o quão assustada eu estou. Veria que eu seguro um escudo imaginário que me cobre a metade do rosto e que tenho sangue nas sapatilhas e marcas no coração. Se você conseguisse parar e me ver só por um instante, notaria o quanto estou confusa, magoada e perdida para tentar de novo.
Se você me perguntar, dificilmente vou jogar as tranças pra você, é bem provável que eu jogue água ou algo assim. Mas, se você escalar a torre com duas taças de champanhe e um saquinho de amendoim, me olhar nos olhos e me deixar sem fôlego, então eu vou segurar sua mão.
Por favor, me alcance!
Estou colocando todos os meus anseios sobre a mesa e aproveite porque eu não costumo fazer isso, mas se você me perguntar eu vou dizer não. E não adianta me chamar de covarde porque eu não estou ouvindo você, palavras não funcionam mais. Mas se você conseguir notar aquele brilho no canto dos meus olhos, lágrimas confiscadas, escondidas no meio da minha voz embargada toda vez que eu digo que estou ocupada, você não irá me perguntar que horas está bom pra mim.
Você vai me ligar às 20h, “Desce que estou no portão…” Vai me causar um ataque cardíaco e depois de ter corrido pela casa toda me arrumando em cinco minutos, eu vou descer com um sorriso torto, vou olhar em seus olhos, rir da sua loucura e segurar sua mão.
Me dê uma razão para tentar!
Não venha me falar do quanto meu coração está inacessível, ou quanto minha agenda é cheia e desorganizada. Aparece no intervalo da Pós e me faz voltar pra aula trêmula e corada. Não jogue na minha cara quantas desculpas eu sou capaz de inventar, se por apenas um segundo você realmente me visse, você veria que aqui só tem uma menina que quer ser amada, que cansou de ser trocada. Me liga no meio da madrugada e me convence que criou um escudo contra a solidão e me garante que tem um lugar ai ao seu lado, dentro do seu abraço, do lado do seu coração.
Eu não quero ser só mais um número na sua agenda, mais uma distração da sexta-feira de inverno cinza. A resposta será sempre não, a menos que você me dê um bom motivo para dizer sim.
Não me faça lembrar de promessas, me faça lembrar de momentos. Não me pergunte se estou com frio, me abraça forte e joga seu casaco em meus ombros.
E no final, eu ainda vou querer desistir. Mas por favor, não desista de mim, nem quando eu pedir. Ao invés de me censurar diga que vai dar um jeito nisso, me deixa um café com um bilhetinho oferecendo, amizade, amor, cumplicidade. Aproveita e coloca uma notinha de rodapé dizendo que não se importa em dividir seu mundo comigo, que não se importa em ser só meu. Me diz que você não precisa me dar nenhum motivo além de você mesmo, diz que tem espaço pra mim dentro do seu coração, e então… Então eu vou segurar sua mão…