A história é a seguinte:
CENA I:
Uma mulher brasileira vai visitar uma amiga inglesa e durante a visita, a anfitriã oferece-lhe uma torta de chocolate que parece deliciosa.
A brasileira começa a salivar na hora – está morrendo de vontade de comer um pedaço da torta – porém responde:
-Não obrigada! (“Por educação.”)
Diante disso a inglesa guarda a torta e fim.
CENA II:
A mesma mulher brasileira vai visitar uma amiga inglesa e durante a visita, a anfitriã oferece-lhe um pouco de doce de cidra.
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A brasileira se arrepia na hora, pois não suporta o tal doce – porém responde:
-Vou aceitar só um pouquinho! (“Por educação.”)
Diante disso a inglesa costuma oferecer doce de cidra á amiga brasileira toda vez que ela vai a sua casa.
Quantas vezes já agimos assim?
Quantas vezes sua mãe já lhe falou para não comer demais na casa dos outros e para não aceitar tudo e para não ser “esganado”? E por outro lado, quantas vezes ela já te falou para não fazer desfeita e aceitar um pouco do que lhe dão mesmo sem gostar?
E foi assim que nós latinos, um povo pouco assertivo e sempre preocupado com o que vão dizer e pensar sobre nós, acabamos dizendo SIM quando queremos dizer NÂO e vice-versa. Queremos agradar, ser aceitos e nesta confusão toda passamos mensagens completamente erradas sobre nós mesmos e sobre o que queremos e gostamos.
Sempre conto essa história às pessoas que gosto, porque muitas vezes acabamos sendo vítimas deste nosso erro.
Não é feio dizer a verdade, dizer o que gosta e o que não gosta. Isso se chama assertividade. Ser assertivo não é ser agressivo, é ser sincero, sem magoar o outro.
Ninguém é obrigado a comer doce de cidra sem gostar só para agradar ao outro; e nem de negar-se ao deleite de uma deliciosa torta de chocolate quando lhe é oferecida, só porque lhe ensinaram uma baboseira qualquer sobre “bons modos”.
O grande risco de não dizer sim quando se quer é que um dia você acorda e se vê um adulto que aceita muito mais as coisas ruins do que as coisas boas da vida, sempre com aquela desculpa bem conhecida de que “é bom demais para ser verdade.”
Os latinos, talvez por alguma influência histórica, aceitam a desgraça como parte da vida, como castigo, e muitas vezes não se acham dignos das coisas boas.
Quer outro exemplo? Somos treinados para aceitar críticas e desconfiar dos elogios que nos fazem.
Experimente fazer um elogio a alguém.
-Nossa, mas seu cabelo está lindo!
E vem a resposta:
-Ah, imagina, está tão sem corte. Ah, nem lavei hoje.
Por outro lado, experimente uma crítica:
-Poxa, seu cabelo não está legal!
E vai ouvir:
-Ah, você viu, não está mesmo né? Nossa, eu preciso cortar, mudar a cor.
O elogio não é aceito e muitas vezes desconfiamos dele, enquanto que a crítica acaba com nosso dia e talvez com a nossa vida.