O que torna uma pessoa especial para mim?
O simples fato de existir e, existindo, faz valer sua presença no mundo, não pelo que encanta aos olhos, mas pelo que revela a sua alma. Por isso, não é possível ser especial à primeira vista, mas a muitas vistas.
Desnudar a alma é um lento e longo processo de sensibilidade.
Não se pode ser especial pelo que os olhos veem e o tempo brevemente destrói, mas pelo que se cativa num espaço-tempo sem medidas, dentro do coração. Isso é se tornar único.
Ser especial é construção que vive para a eternidade, pois “o que a memória ama fica eterno” (Rubem Alves). Não se nasce especial, tornar-se especial é um exercício do olhar, da descoberta das sutilezas do espírito.
Para isso, não basta a presença física ou virtual, é necessário que uma alma toque outra alma, chamo isso de encontro, uma conexão que independe de quilômetros. Estar junto é estar do lado de dentro. Ser especial é virar bagagem do outro, com a leveza das coisas etéreas que existem sem se fazerem pesadas.
A verdadeira e incrível arte do encontro
Encontro é quando, ao tocar as feridas da alma do outro, nós o fazemos com a delicadeza de quem toca o sagrado e, nesse gesto, compartilhamos a cura. Encontro é quando enxergamos com o coração não apenas as feridas da alma, mas também as luzes que dela irradiam no silêncio do afeto que admira sem precisar dizer. E assim, em dizendo, seja acolhido no silêncio da escuta e, sendo escutado, seja sentido e, sendo sentido, seja respeitado e, sendo respeitado, seja humano e, sendo humano, seja especialmente singular em sua humanidade.
Ser especial é ser em liberdade: não aprisiona, não sufoca, não exige, nada pede, nada espera, apenas dá de si mesmo pela alegria de se dar, num ato de entrega, sem o medo de se perder.
Ser especial é tornar-se especial, é ser, simplesmente, generosamente, espontaneamente, amorosamente pelos caminhos da vida.
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