Há várias lendas, ditos populares, crenças, ditados, filmes, livros, textos sore o primeiro amor. Há aqueles que duraram para sempre, aqueles que duraram o tempo suficiente para deixar marcas inesquecíveis. Mas, primeiro amor, é e sempre será algo marcante.
Meu primeiro amor foi tão cedo … E durou anos e anos, de idas e vindas. Foram cinco anos de relacionamentos, aprendemos tudo juntos; brigas, superações, descobertas. Acontece que, quando deixou de ser amor, carnal, de homem e mulher, se transformou, como uma lagarta que se transforma em uma linda borboleta depois da gloriosa metamorfose. Nós viramos grandes amigos. Toda vez que ele saía com uma nova garota, corria me contar, pedia conselhos nas brigas, a cada nova conquista, eu era a primeira para quem ele corria contar. Dividíamos segredos, conhecíamos tudo um do outro.
Acontece que, todo mundo tem que crescer e tomar um rumo na vida e, para nós não foi diferente. Uma madrugada meu celular tocou, era ele. Eu relutei em atender, por ser tão tarde, mas a s ligações não sessavam. “Achei a garota dos meus sonhos”, ele disse. “Parabéns querido, você está oficialmente algemado ao amor”. E depois dela, ele me procurava bem pouco e eu, por respeito (atuais odeiam as ex, mesmo não existindo absolutamente nada), não telefonava mais.
Depois de alguns meses, percorrendo pelo Facebook distraidamente, vejo uma foto de uma amiga em comum com a atual, e a foto era justamente do chá de cozinha deles. Senti um frio na barriga e fiquei muda, sem reação por uns dez minutos, só olhando as fotos. Pensamentos do tipo “poderia ser eu ali”; “se eu pudesse voltar no tempo”; “não acredito nisso” e muitos outros atravessavam minha mente em velocidade super sônica. Ninguém faz chá de cozinha sem estar de casamento marcado. Pois é, doeu no coração, mas fiquei feliz. Finalmente ele criou juízo, pensei.
Passado algumas semanas recebi uma mensagem do próprio, pedindo para me encontrar para almoçar. Combinamos.
Depois de um abraço forte, sentamos em uma lanchonete perto da minha casa e ele começou a perguntar porque me afastei, como estava minha vida e a conversa foi se desenvolvendo como há doze anos atrás. Riamos bastante, me sentia tão confortável ali, mas tomei a iniciativa. “Por que me chamou aqui? Com certeza não é por minha companhia maravilhosa, não é?”, perguntei. “Não. Eu queria contar isso para alguém, queria que fosse a primeira a saber”. Ele deu um suspiro muito profundo e seus olhos brilhavam, marejados. “Se for pra falar do casório, eu já sei e metade da cidade já sabe, não é novidade”. Ele parou, deu uma gargalhada; “não, vamos nos casar porque estamos grávidos”.
O que se espera? Eu não sabia o que dizer ou como reagir. Mesmo não o amando mais, senti um frio enorme no coração, um sentimento de perca, eu não sabia o que estava sentindo, mas retomei o controle rápido, ao ver o sorriso e alegria nos olhos dele. “Parabéns meu amigo, você virou homem”.
Ele disse que queria me contar por primeiro, pois achava que assim, iria encerrar nosso ciclo. Questionei o porque do ciclo; ele me disse que nunca deixou de gostar de mim, só que, quando mais novo não tinha maturidade e depois nunca demos brecha para acontecer algo novamente. E depois de me dar um abraço, se despediu e foi comprar um buquê de lírios brancos para a mãe do filho dele.
Pensei em cada namorada que ele me apresentou, em cada vez que chorei no colo dele por ter sido boba com algum namorado, nas conquistas que corríamos contar um para outro. Fiquei feliz em ter como amigo o meu primeiro amor.
Pensei nas pessoas, quem é que tinha esse privilégio? Ter por perto alguém que se aprendeu a ver a vida com outros olhos?
Onde está seu primeiro amor agora? O que você aprendeu com ele?