“Quanto mais você vai em busca da felicidade, menos a enxerga.” É como manter os olhos, os pensamentos e as forças no caminho e se esquecer para onde estava indo.
Conheço um amigo querido que, embora distante, está sempre por perto. Tenho ótimas lembranças de tempos juntos, quando ainda tão novos já fazíamos do nosso mundo um lugar melhor.
Nesta semana ele me disse algo transformador e que tem me feito pensar desde então.
Ainda não completei minha metamorfose, ainda estou na fase lagarta, brotando cores nas asas e envolvida pela proteção do casulo, mas, a sua fala foi de encontro às minhas verdades.
“Quanto mais você procura algo, mais se distancia deste.”
E assim, ele completou com outros exemplos: “quanto mais você sai à procura de Deus, mais fica longe dEle, pois Ele já está em você.” E ele também semeou dizendo: “quanto mais você vai em busca da felicidade, menos a enxerga.” É como manter os olhos, os pensamentos e as forças no caminho e se esquecer para onde estava indo.
Posso usar uma lembrança simples que me ocorreu na memória, quando eu era adolescente e minha mãe me pedia para ir ao supermercado para comprar alguma coisa, eu só focava em ir ao supermercado, mas quando chegava lá me esquecia do que era para comprar! Uma vez tive que voltar para perguntar! Ou seja, o supermercado não era o mais importante, era o trajeto, a meta em si era comprar os itens que minha mãe pediu. No caminho tudo poderia me distrair e encher minha cabeça com outras informações, a ponto de chegar ao lugar certo e não saber o porquê!
Estas são verdades que se fundamentam em mim há muito tempo, mas ouvi-las assim, nesse exato momento da minha vida, gerou outra conotação.
São tantas coisas que buscamos tanto que não paramos um momento sequer para apreciar o que já temos, o que já vivemos.
Por acreditar que Deus habita em mim, na Sua totalidade e sendo eu sua materialidade, ao buscá-lo em outras fontes materiais, mais me distancio da verdade de quem eu sou desde sempre.
Sou lugar em que o Divino habita. Sou lugar onde nascem fontes, e é da nascente que partem águas correntes. A água que sai de uma nascente nunca volta, ou seja, ela é incessante, suficiente, abundante, ela não precisa de mais nada, ela vai, porque flui, porque sobra.
Uma pessoa com esta afirmação em sua vida, sabendo e acreditando ser este SER, só lhe resta ser feliz. Ser fonte de vida lhe basta, não o limita. As correntes vão onde encontram seus caminhos, mas as sacia por inteiro.
Eu, particularmente, falo aqui por mim, estou saturada de tudo que me oferecem por toda parte como mecanismos de felicidade.
Quem sou por dentro e das águas que fluem do meu ser são a causa da minha felicidade. Este é o desafio mais assustador de todos os tempos para todos nós, que aprendemos que a felicidade está nas coisas externas.
Observe, se as coisas externas e as pessoas pudessem saciar a sua escassez de felicidade você não precisaria ir à fonte de novo e de novo. Não precisaríamos comprar para ficarmos bem, ou gastarmos com bens materiais, ou o tempo todo ter alguém ao nosso lado.
Ser fonte significa ser primeiro aquilo que abunda e sacia posteriormente. Este cuidado e manutenção são diários, eternos, plenos, para que ninguém vazio e escasso o sugue, mas que em harmonia nos banhemos na presença esplêndida da vida, em cada um de nós, como se fosse comunhão de bens fraternais.
Há muita água a abundar, há muita fonte a nascer. Que haja!
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