Ao longo de nossa vivência, obviamente, nos deparamos nas mais variadas situações e experiências que com certeza, nos marcaram de alguma maneira positiva ou negativa. E, também, em muitos momentos quando nos vemos emaranhados em tantos conselhos e opiniões, que a personalidade natural adoece e passa a ser moldada pelas muitas vozes azedas que se sentem no direito de pincelar a sua vida ao modo que bem entendem e/ou querem.
Entende-se como personalidade natural como aquela que se manifesta espontaneamente na vida (espontaneamente e não sem educação, deixando bem claro), que sorri, que abraça, que dança, que chora, que sente tudo na sua pessoal medida de sentir.
Passam-se dias e anos, e caminhamos sob o julgo de terceiros aprisionando o que verdadeiramente somos, pois o nosso EU, aquele que Deus nos deu ao sermos gerados, foi calado sentindo a dor de ter sido esquecido. E tudo continua no fardo de ter perdido seu EU para a sociedade de uma maneira geral, onde você concordar ou discordar, gostar ou desgostar compõem regras hipócritas a serem seguidas. E se você não as seguir, com certeza será marginalizado por uns tantos hipócritas que veem na ignorância da manipulação, um forte meio de ter seus “bonequinhos” como suas eternas marionetes.
Não é à toa, que os vistos como “loucos” assustam por sempre estarem fora do sistema de algum jeito, porque não se rendem às ideias vazias que na maioria das vezes a sociedade nutre, colhe e acata como as mais corretas, sem ao menos questionar nada!
Entronizado nisso, a incoerência domina a coerência discursos sem nexo e caricatos crescem em escalas preocupantes fazendo que ecos sejam repetidos e não questionados. E nesses ecos, constitui-se um EU oco, pesado e cinza. Nada brota desse EU escravo nem flor, nem cor.
Porém, alguns acordam. E quando acordam, imediatamente querem recuperar o tempo em que ficaram aprisionados dentro de si mesmo e libertam a voz que foi amordaçada começam a cantar, a rir, a chorar, a amar, a sentir novamente tudo… recomeçam a sentir a vida, recomeçam a ser dono da própria vida. Uma canção chamada Ramble On, do ano de 1969, da premiada banda britânica Led Zeppelin, me chama atenção toda vez que aouço, todavia um trecho é meu preferido: “Mine’s a tale that can’t be told/ My freedom I hold dear”( “Minha é a história que não pode ser contada/ Minha liberdade eu a prezo”). A história tem que ser sua e a liberdade não pode lhe ser roubada!
Com a reconquista de seu EU, há estranhezas de suas reações e de tacham como inconveniente, chato, sem graça e tantos outros adjetivos que tentam te classificar por você não fazer mais parte de uma corrente bestial e regressiva. Portanto, continue na reconquista de seu EU e firme-se nas bases de novos aprendizados para que assim, tenha-se a soma de bons fluídos para você e para os que te cercam.
Seja luz e não abismo. Seja você na ousadia de sua essência, na intensidade da maneira como enxergas e como desejas. Não permita que te tirem o direito de querer permanecer o mesmo ou querer mudar, ou ter preferências por x ou y. A frequência das mudanças interiores quem sabe é unicamente você.
Charlene Santos