Fugindo da guerra da Síria, em 2015, Yusra Mardini e sua irmã embarcaram em um bote com mais 18 pessoas, incluindo crianças, em uma trajetória onde muitos acabaram morrendo.
As Olimpíadas de Tóquio têm mostrado inúmeras histórias de superação e resistência, onde atletas precisaram desafiar probabilidades para chegar à elite. Alguns saíram das periferias, outros superaram preconceitos e continuam a enfrentar os padrões. Quantas vezes não nos emocionamos ao descobrir que aquela pessoa por quem torcemos tem uma trajetória de humildade?
A nadadora olímpica, Yusra Mardini, de 23 anos, tem uma das histórias mais emocionantes e surpreendentes. Quando tinha 17 anos, ainda estudante do ensino médio, a jovem se viu forçada a abandonar seu país de origem para fugir da guerra que assombrava a população. Residente de Darayya, um subúrbio de Damasco, na Síria, ela e a irmã decidiram embarcar rumo à Europa.
As meninas também queriam levar a mãe e a irmã mais nova, Shahed, mas assim que estavam para partir, a pequena menina se desesperou, implorando para ficar.
Embarcando em um bote com mais 18 pessoas, as irmãs sabiam que muitas pessoas haviam morrido naqueles 10 quilômetros que separavam a costa da Turquia da costa norte da ilha grega de Lesbos, mas o medo de ficar era maior que o de partir.
O barco estava superlotado e, durante a travessia, o motor simplesmente falhou. As ondas estavam se chocando violentamente contra todos, e como Yusra e sua irmã Sara eram nadadoras experientes, decidiram puxar o bote pelas cordas, nadando até a costa. Até hoje ela se lembra daquelas longas horas de aflição, quando desistir não era uma opção, já que tinham crianças que precisavam ser salvas.
Depois de mais de três horas, as meninas conseguiram chegar à costa e salvaram as 18 pessoas, que fizeram questão de expressar o tamanho da gratidão, muitas não pararam de rezar. Na Europa, receberam ajuda na Alemanha, o que permitiu a Yusra ir atrás do sonho de se tornar nadadora olímpica, mesmo sendo refugiada.
Sua história está em todos os lugares, e muitos conhecem as irmãs que salvaram 18 pessoas que fugiam dos horrores da guerra. Nem todos os refugiados conseguem chegar ao seu destino, e nenhum deles escolheu ser um refugiado. A incerteza do futuro consegue ser melhor que a guerra e o conflito, que não poupam vidas inocentes.
Este ano, Yusra se juntou à Equipe Olímpica de Refugiados e já fez história. Embaixadora da Boa Vontade na Agência da ONU para Refugiados, a jovem explica que as crianças que chegam à Europa fugindo dos conflitos precisam de acomodações seguras, não de centros de detenção, onde são tratadas como prisioneiras. Elas precisam acessar os sistemas destinados a ajudá-las e precisam também conseguir estudar, só assim podem ter um futuro melhor.