Respeito foi uma das palavras que mais ouvimos em nossa casa durante todo o tempo em que convivemos com nossos pais.
Porém a interpretação do meu pai quanto a seu significado era um tanto limitada e até tendenciosa, pois, homem autoritário à moda antiga, toda a família devia-lhe o tal respeito, não que ele não o merecesse ou nos desrespeitasse, mas estou certa de que até pela sua simplicidade e pelo machismo indiscutível que imperava na época, ele nem cogitava a possibilidade de aplicar o conceito partindo de si direcionado a nós e isso incluía sua esposa, nossa mãe.
“Tem que haver respeito!”, “Você me respeite”, “Olha o respeito!”, “Respeite seus avós”, “Mas que falta de respeito!”. E assim, essa palavra era repetida várias vezes ao dia e muitas e muitas vezes durante toda nossa vida até mesmo depois que já éramos adultos, homens e mulheres feitos, pois tivemos a alegria de ter com ele uma longa convivência.
Muito embora meu pai fosse alguém com muitos requisitos exigidos para ser um homem de respeito, sua forma de entender a temática era relacionada à subordinação.
Na educação rígida que recebemos tudo era imposto, tínhamos que nos subordinar, sobretudo, a nosso pai. Essa conduta nos despertava receios e temores. Hoje compreendo que nossos sentimentos pouco tinham a ver com respeito, pois este não é algo que se consegue através da autoridade, da imposição, não se exige como se costuma dizer por aí, mas, sim, conquista-se.
O respeito é um valor moral de fundamental importância para as relações humanas, é pelo respeito que se estabelece a forma de tratamento entre as pessoas, evitando embates desnecessários.
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Um mundo sem respeito algum estaria fadado à extinção. Não haveria qualquer entendimento que pudesse contribuir para a evolução do ser humano. Viveríamos como os dinossauros, seres irracionais que nada construíram.
O autorrespeito é o início de tudo, fundamental para a construção da autoestima. Quando nos respeitamos, estamos nos estruturando para sermos respeitados, assim como reunindo sabedoria para praticarmos o respeito ao outro. Enfim o autorrespeito é a representação do valor que atribuímos a nós mesmos.
Assim, se quisermos ser respeitados, temos que nos respeitar e respeitar o outro.
Neste processo todo, nem sempre vamos agir como gostaríamos, mas, sim, como deveríamos, pois respeito é também um compromisso moral de todo homem honrado.
Devemos essa consideração não apenas a outro ser humano, mas também a aspectos que envolvem, por exemplo, uma instituição, uma religião que não a nossa, à natureza, aos animais, ao planeta, a muitas outras temáticas.
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Respeitar não significa submeter-se, como considerava, equivocadamente, meu querido pai, e sim ter consciência de que essa é uma questão mútua, recíproca e nunca unilateral! E imprescindível para uma convivência harmoniosa, é também aceitar que no outro é diferente de nós, compreendendo que cada um é um mundo distinto e que não somos detentores da verdade absoluta.
Quem quer ser respeitado, mas não respeita é hora de rever suas interpretações e de lembrar-se de que primeiro é necessário dar-se ao respeito, caso contrário, nada poderá “exigir”.
“Quando se respeita alguém não queremos forçar a sua alma sem o seu consentimento”. Simone de Beauvoir
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