Respeito é conquista. Facilmente alcançado por distraídos, zelosos e espontâneos. Estes, também o deixam transparecer na sutileza das condutas, na desatenção à vaidade.
Entre cafés e palavras com um querido com quem há tempos não me encontrava, peguei-me pensando sobre respeito.
Falávamos da constante exposição de atributos: da divulgação da capacidade intelectual a qualquer preço, da promoção de superação de limites pessoais e do marketing de méritos próprios, tão repetidos hoje em dia. Somos todos muito comparados o tempo todo, portamos uma insegurança que chega a ser evidente em nossas condutas e discursos de autoelogios.
É comum entre grupos de trabalho, estudo ou entre familiares, certa diferença entre as pessoas. Há quem se destaque pela destreza, quem inspire liderança, quem tenha o dom da oratória ou quem encante pela inteligência. São características muito importantes e fáceis de serem observadas. Porém, o que ocorre é uma necessidade de se declarar, de se autoafirmar publicamente para ser notado, enfatizado e respeitado.
Em nossa conversa meu amigo disse uma frase muito interessante: “O respeito é tímido.”
Tenho que concordar com essa afirmação, porque esse respeito por apreciação e valorização passa longe de autoritarismo, arrogância ou explosão. Tanto o respeito oferecido como o adquirido, remetem ao silêncio, à contemplação de uma parte e ao reconhecimento pela outra.
Não é concordar, discordar, nem pajear, respeito se dá pelo olhar discreto de admiração e é recebido pela constância de comportamentos mudos e virtuosos.
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Respeito é bom e todo mundo gosta, mas não grite por ele, pois o respeito é tímido!
O que de fato incita respeito, são palavras: firmes, claras e precisas – mas que não condenam. São olhares certeiros e expressivos – que não medem nem constrangem. São atitudes nobres e naturais que não se exibem. Têm respeito peles enrugadas, mãos pontilhadas pelo tempo, vistas cansadas e cabelos brancos. Inspiram respeito: histórias de vida, ajudas despretensiosas, palavras não ditas, caridade sem exibicionismo e distâncias precisamente calculadas.
A não reação e muitas saídas de cena são também ótimas atitudes para a manutenção de respeitosas interações.
O respeito é generoso, não julga raça, religião, não sobrevive em terreno preconceituoso. Em nome de um respeito cuidadoso, também nos afastamos de quem sentimos saudades, por entender o tempo dos plantios, os períodos de crescimento, para um dia – quem sabe, estarmos juntos na colheita. O respeito também deixa a razão de lado, não condena e nem entra em combates para reivindicar seus pontos de vista.
Estamos constantemente vencendo nossas batalhas, batendo nossos recordes, indo mais além do que pensávamos conseguir. Mas, nem por isso, será preciso anunciar esperteza à custa de ridicularização de outras pessoas, descaso ou prepotência.
Respeito é conquista. Facilmente alcançado por distraídos, zelosos e espontâneos. Estes, também o deixam transparecer na sutileza das condutas, na desatenção à vaidade.
Nunca prevalecerá respeito pelo medo instalado; quando muito, uma infeliz coação. Porque respeito é dado livremente, sem imposição, condição ou ocasião.
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O respeito não fala alto, não endeusa, lambe, muito menos usa violência. Pois é, acima de tudo, sentimento.
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