Sagrados momentos deveriam ser lentos para passarem por cada olhar e gestos de carinho bem devagarinho, deixando a mente divagar ou o corpo desfrutar…
Simples momentos são sagrados. Podem se apresentar em uma fugida do trabalho para um café com gosto de liberdade, ou num encontro surpresa com pessoa querida que você não vê há muito tempo, ou quando você dá ou recebe uma gentileza e sorri com espontaneidade ou ainda quando ouve música suave, que recorda um sentimento profundo, um olhar penetrante ou uma entrega amorosa.
Simples momentos são os melhores, tudo se encaixa no ritmo da descontração, o riso fica solto, sem freio, a tensão nem passa perto e você sente que está tudo certo, que vive no mundo mas ao mesmo tempo, sem pertencer a esse mundo conturbado, apressado, cansado de tanto correr sem saber exatamente para que.
Sagrados momentos deveriam ser lentos para passarem por cada olhar e gestos de carinho bem devagarinho, deixando a mente divagar ou o corpo desfrutar de um chá das cinco, mesmo que seja as seis, um pedaço de bolo fofinho, carinho de filho, colo de mãe, brincadeiras com o cachorro, beijos no amado/a, surpresas na esquina, a pureza da menina, a ternura da mulher, uma roupa qualquer esvoaçando como cortina ao vento, um músico de rua, alma livre de preconceito, tocando seu instrumento para alegrar a todos, sem distinção nenhuma.
Sagrados momentos também estão presentes no luar, na balada, no bar ou nos amantes que se entregam por instantes a crença do amor eterno, infinito dentro da limitação do medo de que tudo acabe no dia seguinte, mas o que importa é sempre o agora, o presente, na ilusão de que o tempo possa existir e não passar.
Nenhum sagrado momento é triste, talvez um ou outro seja melancólico, quando a saudade futura já marca presença, aquela saudade daquilo que queremos, mas que não sabemos se teremos amanhã.
Talvez assim ocorra ou não, mas a graça da vida é justamente a expectativa, a novidade e a incógnita constante.
Simples momentos são elegantes, porque onde está o sagrado está a paz e quem está em paz nem sequer pensa em brigar, guerrear, discutir ou maltratar.
Um sagrado momento está em olhar para o chão coberto de folhas no outono e visualizar um quadro ou uma obra de arte, é extrair de tudo a sua melhor parte, é caminhar desfilando numa passarela imaginária e chamar para o palco a plateia encantada para dançarem todos juntos a canção da alegria, do otimismo e do ânimo, esquecendo nesses momentos mágicos, de qualquer problema ou tristeza porque nessa festa só entram convidados especiais, os tais senhores simples, não feudais, que se despem do luxo e sambam na cara de todos as maravilhas dos encontros, das festas, churrascos com amigos, dias de sol ou cochilos nas tardes, com barulho suave de ventilador ou ar condicionado.
Momentos simples de contar histórias para amigos, de comprar coisa barata mas de qualidade, de euforia e felicidade com algum reencontro, de praia, piscina, refrigerante gelado, pizza e fartura e que tenha também doçura e brilho no olhar, um tira gosto para acompanhar tanto prazer, porque o que importa é exercer seu pleno direito à tudo que é belo e gratificante.
Simples momentos são sagrados porque contém o mágico despertar de quem está ali por inteiro, desperto, alerta, pronto para a entrega que o instante pede, gente que deixou o sonambulismo presente na opressiva rotina de quem passa pela vida sem perceber que a liberdade é o maior bem que qualquer pessoa pode ter.
Quando você é realmente livre, todas as circunstâncias são incapazes de lhe prejudicar, porque você é o comandante do seu navio nesse mar bravio ou de calmaria, tudo depende do tempo, do vento, do dia, mas sempre da sua escolha.
Escolha então usufruir de seus momentos com qualidade, para que sejam vividos em profundidade e harmonia com o Todo que nos cerca.
Direitos autorais da imagem de capa licenciada para o site o segredo: kaliton / 123RF Imagens