No princípio era o verbo…
A solitária Jornada de um escritor
Eu estava me preparando para mais um capítulo de ” Amaranth, o acaso” – Continuação de “Amaranth, o bem e o mal nunca desvanecem” quando resolvi escrever esse texto para a coluna. Já estava há algum tempo sem escrever nada, apenas esperando a inspiração surgir.
A Inspiração é como uma borboleta: se a perseguimos, ela foge de nós. Mas basta estar calmo e despreocupado e ela pousa em nossos ombros, soprando aos nossos ouvidos suas ideias.
Eu sempre tentei explicar o porque gosto tanto de escrever, mas sempre tive a sensação de que nunca consegui falar o suficiente, afinal, é meio incompreensível uma pessoa que se sente tão desconfortável ao falar em público se sinta tão à vontade para recriar seu mundo interno e suas opiniões a frente de um teclado ou papel e caneta em mãos.
É simplesmente um vício.
Outras pessoas jamais entenderão o fascínio que é poder criar um mundo, totalmente diferente – ou não – do que você conhece. Quando você escreve, as vias alternativas são muitas, e você tem o poder de utilizar as palavras para te levar aonde você nunca pisou antes.
No mundo das palavras não existem limites.
“In principium erat verbum”, já diziam as antigas escrituras.
Eu não podia imaginar o poder daquelas palavras! Mas foi como andar de bicicleta, uma primeira, segunda, ou terceira vez, até pegar o jeito. Até sentir o suave gosto de liberdade como se sente ao pegar o primeiro embalo de bicicleta, descendo a primeira ladeira.
Você nunca esquece a sensação maravilhosa, e vive sempre em busca de mais. E você sempre quer melhorar.
E é essa a sina de todo o escritor… Melhorar aquilo que escreve, continuamente, madrugada após madrugada, dia após dia, numa batalha incansável de quimeras e dragões que, muitas vezes, parecem nos vencer.
O herói muitas vezes perde a batalha, mas segue em frente, vacilante, na incrível jornada do vir a ser. Desse mesmo modo, dias cinzentos podem tolher nossa criatividade, mas sabemos que o melhor texto sempre está por vir, assim como um dia mais ensolarado sempre nos aguarda.
Somente um outro escritor pode entender quão prazeroso é velejar pelos mares da escrita, descobrindo novas ilhas, inventando novos mundos, mas também o quão solitário é.
O quão solitário é completar aquela ideia, pensar na trama perfeita, no desfecho fantástico, nos detalhes ínfimos de uma cena e ao final, perceber que a jornada só estará completa se alguém mais puder vislumbrar o mesmo mundo que você.
Ser escritor nada mais é do que escalar uma montanha e ao chegar ao final dela, perceber que existe uma ainda maior a ser escalada.