O humor nos transforma em “gente sem frescura” que ri de si mesmo, que percebe que toda a verdade é incompleta e tem várias versões. A vida apresenta suas imperfeições, e mesmo assim vale a pena dar boas risadas.
O humor serve como prova de um fato engraçado, que até então, estava travado. É como disse Freud: “Brincando pode-se dizer de tudo, até mesmo a verdade.” Por isso, o humor tem uma importância terapêutica, pois funciona como uma “válvula de escape”, que distensiona o acúmulo das nossas preocupações.
As risadas produzidas pelo humor atuam como placebo, uma palavra que vem do latim placere, que significa “agradar”, isto é, agrada-nos rir quando alguém cai com graça ou quando achamos que conseguimos enganar um amigo numa “pegadinha”.
Assim, o humor segundo Freud é um dom precioso e teimoso, que consiste em um modo inteligente de lidar com o sofrimento enquanto protesto diante das adversidades e da morte. Aliás, o humor é rebelde, que ajudou o próprio Freud enfrentar as dificuldades da vida, em situações narradas em sua biografia por Peter Gay.
O humor é uma criação simbólica inesperada, que por meio da surpresa eclode em um sentido novo para a existência humana.
Por exemplo, na cinematografia de Charles Chaplin, do Gordo e o Magro, de Mazzaropi, entre outros. E ainda, os filmes de suspenses que nos dão arrepios e as manifestações artísticas que nos inebriam, partindo da mesma narrativa cômica.
Portanto, o humor nos transforma em “gente sem frescura” que ri de si mesmo, que percebe que toda a verdade é incompleta e tem várias versões, considerando que humano em nós está em permanente construção, porque a vida apresenta suas imperfeições, e mesmo assim vale a pena dar boas risadas.
Esse é o caráter irradiante do humor, que se opõe à resignação masoquista, dos sujeitos diante dos imperativos morais e sociais. Por conseguinte, os humoristas são transgressores que revelam as nossas idiossincrasias, e são eles que derrubam com galhofas o establishment.
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As piadas dos humoristas libertam os risos reprimidos, uma vez que os desejos e os afetos estão trancados dentro de nós, que precisam de gargalhadas para eclodir.
Além disso, o humor é um desses caminhos em que princípio do prazer se impõe sobre o princípio da realidade, produzindo um efeito parche em nossa saúde emocional.
No entanto, as piadas de “mau gosto” não refletem o verdadeiro sentido do humor, mas se configuram como bullying nas escolas e tal como as anedotas grosseiras no trabalho, onde alguns indivíduos pensam que podem ofender os outros, com a desculpa de que tudo não passou de uma brincadeira, tornando o mundo um lugar repulsivo de se viver.
Enfim, a terapia do riso, inclusive em tempos bicudos, é acessível através do cinema, arte, literatura e piadas entre amigos e familiares, que produz risadas benéficas para nossa saúde psíquica, inibindo as situações estressantes do cotidiano. É como afirmou o dramaturgo Oscar Wilde:
“A vida é muito importante para ser levada a sério”, citação que parafraseei no título deste artigo.
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