O relacionamento está insustentável, as brigas são constantes e vocês discutem mais do que candidatos à Presidência. Não são raras as vezes que você engoliu a seco as desculpinhas para justificar os atrasos, a falta de respeito e as agressões psicológicas, mas, como lhe ensinaram que o verdadeiro amor tudo suporta, você permanece firme, acreditando que é esse tipo de relação que merece.
Se essa história parece familiar você precisa rever sua teoria sobre relacionamento. É preciso entender que relacionamento não é sinônimo de prisão.
Você não deveria achar normal ter que trocar a cor do batom, nem não ser “autorizada” a ter amizades masculinas, nem aprender a falar mais baixo. Da mesma forma que não deveria proibir o futebol de domingo, a cervejinha do final da tarde, nem ligar trinta vezes por dia para saber onde ele está. Onde não há confiança, não há amor.
Sabe, o amor não aprisiona, não aperta, não machuca. Simone de Beauvoir dizia que “quando se respeita alguém não queremos forçar a sua alma sem o seu consentimento” e isso inclui a própria. Se as brincadeiras das rodas de amigos não te servem, saia fora. Se as situações o constrangem, não admita. Se as palavras o ofendem, não as receba. Não aceite nada menor que suas expectativas. Essa história de que “o amor tudo suporta” é bonito na teoria e inadmissível na vida real.
Insistir em um relacionamento tóxico é o mesmo que mutilar a próprio coração.
Insista em ter um bom emprego, em aprender um novo idioma ou em cursar a faculdade dos seus sonhos, mas nunca em um relacionamento abusivo. Toda vez que você insiste em pessoas erradas, você está deixando um pedaço seu morrer, além de correr o risco de perder a própria identidade e destruir a própria vida.
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Não importa o motivo que o acorrente a esse relacionamento, você precisa quebrar as algemas. Talvez por medo, insegurança ou dependência emocional, você tenha permitido que a dor se tornasse rotineira e se convenceu que esse é o amor que merece, mas amar é muito diferente disso.
Lembre-se sempre que o verdadeiro amor começa pelo próprio, depois parte para o recíproco.
O grande psiquiatra Flávio Gikovate fez uma crítica sobre o sentimento que deveria virar mantra: “amor é palavra usada e abusada. É dita por quem tem alguma ideia acerca do seu significado e também por aqueles que a repetem apenas por imitação. Usa-se mais a palavra amor do que se vive o sentimento. E quantas são as pessoas que se sentem felizes no amor?
Pouquíssimas. E quem é capaz de definir o que seja o amor? Quase ninguém. E como podemos pretender nos dar bem nesse campo se não sabemos nem mesmo como conceituar o sentimento?”
Quando a pessoa que diz nos amar nos define como alguém incapacitado, insignificante e nos humilha frequentemente, mesmo que de forma “sutil”, é hora de partir.
Jogue a toalha, chute o balde, abandone o barco. Lembre-se que quem mendiga amor, recebe-o como esmola.
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