Um dia por vez e você aprende que o que tem de mais precioso é o hoje.
Por muito tempo convivi com a ansiedade. Lado a lado vivíamos dias corrosivos, que pareciam jamais passar. Aprendi com ela a projeção do futuro: absolutamente nada era para agora. Tudo era vivido no futuro, das maiores certezas as piores dúvidas.
Sofrer antecipadamente por algo é insano!
Foram anos vivendo o amanhã e esquecendo do hoje. Projetando. Projetando. Projetando. A realização era no futuro, mas e o hoje?
O click veio por meio de decisões importantes relacionadas a carreira. O que eu tinha construído até aqui? E foi aí que eu chorei. Chorei muito. Por sorte – ou um inconsciente perfeito, apesar de tanto projetar, eu tinha conseguido realizar inúmeros feitos. Para minha surpresa, minha carreira era sólida o suficiente para ir além.
O choro foi uma sensação esquisita. Era como estar perdida em uma mata escura, com medo e pensando insistentemente como eu tinha chegado até ali. O restante foi alívio, afinal, tinha uma bússola para seguir em frente.
Nem chegamos ao final e já deu tudo certo. Aliás, anota aí no seu caderninho: sempre dá tudo certo, e nem precisamos chegar no final.
Foi uma ruptura imensa e dolorida. Eu me despedi da ansiedade com louvor! Como qualquer outra despedida, foi sofrido dizer Adeus mas foi libertador preencher a sensação com o melhor de todos os remédios: a dedicação total a teoria do agora.
Um dia por vez e você aprende que o que tem de mais precioso é o hoje.
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Não importa o que tenha acontecido, NADA, absolutamente NADA, será tão importante como a consciência do agora.
Os planos futuros não devem morrer por causa dessa consciência. Planos são importantes, mas sem qualquer dose de realização são só planos. O hoje constrói o amanhã, mas isso não significa que você precisa viver lá de corpo e alma.
Bem antes dos meus quase 30, essa consciência havia aparecido, mas nem sempre a vida traz lições com clareza. Foi necessário abraçar a ansiedade e conviver com ela por anos para finalmente me despedir. E mesmo vigiando corpo e mente, vez ou outra ela volta para tomar um café amargo.
Nunca vai ser fácil dispensar o café com a ansiedade, mas é inteligente conviver. A gente se sabota menos. A gente aprende a dizer não. A gente confia em cada sim que diz.
A gente vive um dia por vez de verdade. A gente se entrega mais para aquilo que realmente importa e percebe que o mundo dos outros pode cair, mas o seu estará intacto. E deve ser assim.
Os outros são a sua ansiedade. Você é outra coisa, tá?
Como toda teoria, não é uma facilidade colocar em prática. O importante é vigiar cada sensação que aparece no dia a dia. Sabe terapia do chuveiro? Banho demorado é banho pensado. Pois bem. Respira. Entre teorias e terapias a gente encontra mais vida.
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O hoje é bom o tempo todo. É o que você tem de mais precioso. Chame a ansiedade para o café e explique que a partir de agora, ela terá um outro lugar.
De café em café, a gente vive tudo aquilo que é.
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