Você, que é especialista em engolir choro e atropelar suas próprias dores, deve a si mesma, no mínimo, um pouco de reconhecimento.
Eu só vim lhe trazer alguns lembretes por acreditar que, talvez, você esteja cercada de pessoas que não a enxergam da forma que você merece.
Moça, podem lhe chamar de qualquer coisa, menos de fraca. E faça-me o favor de se conscientizar disso, não se avalie tendo a indiferença alheia como aferidora do seu valor. Essas pessoas que menosprezam a sua força não suportariam um terço da cruz que você já carregou ou carrega.
Você, que é especialista em engolir choro e atropelar suas próprias dores, deve a si mesma, no mínimo, um pouco de reconhecimento.
Pare essa leitura agora, feche os olhos e dedique um minuto de silêncio à mulher guerreira que você é.
Foram tantas lágrimas embaixo do chuveiro, porque era o único lugar que você tinha para chorar em paz, depois de um dia de trabalho exaustivo, em que sorriu para todo mundo, fingindo estar bem.
Motivos para chorar, você tinha aos montes, dentre eles, o medo de não dar conta de criar seu(s) filho(s) sozinha, após ser abandonada pelo parceiro que lhe jurou amor eterno em cima de um altar. Medo de não ser uma mãe que seus filhos mereciam porque você estava com o coração estraçalhado na condição de mulher abandonada.
Repito: fraca, você não é. Nunca foi! Desde quando uma mulher fraca acorda de madrugada, deixa os filhos pequenos e vai batalhar pela sobrevivência deles, enquanto o pai se esconde para não pagar pensão alimentícia?
Abrace a si mesma, não deixe ninguém plantar em você essa dúvida sobre o seu valor.
E o que dizer das incontáveis vezes em que você olhou para os lados e não tinha com quem contar? Tudo o que você tinha eram dedos apontados para você, condenando-a por tudo, até mesmo por se enfeitar um pouquinho e comentar que queria se divertir um pouco.
Pois é, na cabeça daquelas pessoas, você tinha que se contentar em ser apenas mãe; mulher, jamais. As mesmas pessoas nunca se indignaram com quem tinha obrigação de ajudar a cuidar dos filhos, mas optou por abandoná-los.
Só você sabe onde o sapato lhe aperta, só você sabe das dores que não se permitiu chorar porque não tinha tempo, nem lugar para isso. Só você sabe dos tombos que levou, alguns porque você tropeçou, outros porque a empurraram, covardemente.
Diante de tudo isso, eu lhe faço um apelo: não se sinta culpada quando a felicidade bater à sua porta. Gire a maçaneta e a receba com o um sorriso escancarado, mulher. Eu sei o que é sentir-se culpada quando as coisas começam a dar certo.
A gente se sente meio impostora, de tanto conviver com a dor e o sacrifício. Quando algo nos faz sorrir, a desconfiança chega querendo estragar a festa.
E eu desejo que você se esbalde, que os seus dias de luta sejam recompensados com risos, contentamento, superação, gratidão e orgulho de si mesma. Que cada frustração amorosa seja recompensada com beijos de tirar o fôlego, dentro de um abraço que a acolha por inteiro, com a intenção de permanecer.
Então, sei que estou repetitiva, mas é de propósito: Fraca, você não é! E, se preciso for, farei outro texto para que você entenda essa verdade de uma vez por todas.
Um abraço. Você é incrível!
Direitos autorais da imagem de capa: Faisal Amir on Unsplash