Para entendermos um pouco sobre essa louca era em que vivenciamos, precisamos observar todos os prismas que cercam os acontecimentos e analisar o indivíduo sem o olhar carregado de pré-conceito, para que assim haja um mínimo de compreensão do seu tempo de seu próximo.
E isso, quem fez magistralmente foi o sociólogo e professor emérito das universidades de Leeds, na Inglaterra e Varsóvia, na Polônia, Zygmunt Bauman, que faleceu neste último dia 9 de janeiro de 2017. A obra de Zygmunt foi um importante pilar para minha conclusão de trabalho acadêmico na pós-graduação, porém o estudo não parou ali; as definições de modernidade líquida dada por ele, realmente nos ajudam a ver como estamos agindo de maneira impulsiva e preocupante em nossas relações sociais fazendo com que o ser humano seja um ser descartável.
Se pararmos para perceber, não estamos conseguindo consolidar nossas relações, porque a pressa tornou-se realmente a fins de fato ,inimiga da perfeição ocasionando a “má plantação e má colheita”;ou seja, não temos mais paciência para investir em nada,não temos mais tempo para planos e projeto. O “AGORA” precisa ser imediato e preciso – the time is now!
Não quero dizer que, quando se é preciso, não podemos arriscar ou muito menos estou fazendo apologia do DEIXA A VIDA ME LEVAR; Não. O que estou tentando referir é a falta de sentimentos mais recíprocos e profundos,os quais o mundo não mais se interessa em prolongar. Modernidade líquida, nada mais é ao conceito de Bauman, a seguinte perspectiva:
“Tudo é temporário, a modernidade (…) – tal como os líquidos – caracteriza-se pela incapacidade de manter a forma”.
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Sim. Infelizmente estamos perdendo o feeling de como manter e conservar nossa vida e pessoas ao nosso redor. A tal ideia de que tudo tem que ser para ontem, não nos ajuda em nada – pelo ao contrário, só restringe o nosso olhar para aquilo e para aquele(a) que precisa e tem o direito de ter o seu processo respeitado. O que podemos dizer sobre as 4 estações? Deus as fez perfeitas de acordo com suas características, contudo o homem tem alterado cruelmente por pressa e por outros interesses, e quase não conseguimos mais identificá-las, pois vêm se tornando confusas entres si – só são identificadas no calendário. As relações entre pessoas então nem se fale. O amor tornou-se efêmero para ser quantidade e não qualidade.
É oportuno frisar que amor é puro,nobre e não machuca,mas este “amor” que estão querendo nos vender e nos convencer que é o mais apropriado é egoísta, pois só pensa em si. O consumo também tem tido o seu espaço em nossos desejos porque o ato consumir nos faz ter a sensação(estúpida) de satisfação. E obviamente, não é assim. Consumismo e felicidade nunca andarão juntas devido a felicidade não vir daquilo que consumimos,e sim de nós mesmos,quando temos a consciência que coisas materiais se transformam em pó e não têm valor algum perto de verdadeiros sentimentos.
Realizar as coisas longo prazo tornou-se muito cansativo e desesperador. Basta olhar a nossa volta o quanto estamos inseridos nas vertentes de “delivery” – a pronta entrega tem seu lado bom, entretanto quando exageramos nessa solução “rápida,eficaz e sem demora”, podemos cair em armadilhas que nos deixam preguiçosos para fazer e para pensar. Não é atoa que a geração “fast-food” tem crescido e não suporta nem um pouco a alimentação saudável, que é aquela que precisa de um bom preparo ao fogão. Tudo isso devido a que? A falta de paciência. Minha mãe que a tem uma sabedoria linda e de outros tempos , sempre me disse o seguinte ditado popular” Quem tem pressa come quente e queima a boca”.
E é bem verdade isso. Segundo Zygmunt Bauman, essa fase que vivemos é liquidez,ou seja, tudo escorre,vaza, esvazia, e fazendo uma analogia com a nosso próprio comportamento,estamos fazendo que as relações sejam de instantes. Não temos mais a disposição para manter e consolidar porque queremos que o tempo nos obedeça a ferro e fogo, e não é assim que acontece.
O tempo só anda ao nosso lado quando sabiamente o usamos. E,por assim dizer, que Zygmunt Bauman quis ilustrar os desafios de um mundo moderno, onde o ser humano tem se tornado mais fugaz e volátil.
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