Ah, nada como uma conversa com uma amiga e um bom café para curar feridas que nem sabíamos que tínhamos. Feridas de dor, de amor, do tempo. Acredito que não há nada que um bom papo não cure.
Um papo recente com uma querida amiga me pôs a refletir sobre o tema que dá título a esse texto. Eis algumas de minhas conclusões.
O título do texto faz alusão a um filme que completa 15 anos neste mês, “De repente 30”. No filme, Jenna Rink, interpretada por Christa B. Allen, e adulta pela ótima Jennifer Garner, tem 13 anos de idade, mas deseja logo crescer, ser dona de seu próprio nariz. Quer ter 30 anos, idade que supõe, segundo sua revista favorita, ser a melhor idade. Assim, na noite de seu aniversário de 13 anos, é magicamente envelhecida para os 30. Uma espécie de “quero ser grande”, mas aqui, todos envelhecem.
O relógio se adianta 17 anos, e literalmente, num piscar de olhos, uma vida passou. E como toda vida que passa quando não percebemos, nada do que Jenna sonhou se torna real. Na verdade, ela conseguiu tudo o que queria, mas nada do que queria de verdade.
O filme é leve e engraçado, e não vou contar mais para não entregar a história, mas digo isso, apesar de singela, a história traz uma mensagem bem profunda: se não tomarmos as rédeas de nossa vida, se não vivermos nossa verdade, a vida passa rápido e envereda por um caminho que não escolhemos, mas que é escolhido por nós, e que, muitas vezes, não condiz com quem somos realmente.
Aqui, 30 é a idade escolhida, mas experimente substituí-la por qualquer idade em que entenda que “até lá, já terei tudo definido”.
Sinto informá-lo, mas “tudo definido” você nunca terá. A vida “perfeita” não tem data, prazo e, para ser honesto, você só vai perceber que o que tinha era “perfeito” muito depois que passar.
O que podemos fazer, então? Não deixar para depois. Não ser feliz depois, não terceirizar a felicidade. Não esperar que outra pessoa o faça feliz, nem que essa outra pessoa seja você mesmo do futuro. Você tem que ser feliz agora ou, no mínimo, começar agora a buscar aquilo que o faz feliz, sem pensar que “quando tiver 30, quando isso ou aquilo acontecer, serei feliz”.
Parece bobo, mas não é. E é exatamente o que nossa protagonista percebe no filme. É exatamente o que percebemos ao alcançar os 30, ao menos o que eu percebi: ainda temos a doçura e o encantamento da infância, ainda nos deslumbramos e temos esperança. Porém, já sofremos, já nos desiludimos, já vimos que o faz de conta nem sempre se torna real.
Com 30, a dualidade vem, o infantil se choca com o adulto, a expectativa com a realidade e nos resta decidir: escolher o equilíbrio entre eles, escolher o que nos faz bem, escolher agora quem seremos amanhã ou deixar a vida fluir e acordar amanhã em uma história que apesar de nossa, não nos pertence. Afinal, o amanhã começa hoje e quando nos dermos conta, “de repente” já foi.
Assim, concluo: na dualidade dos 30, escolho agir, escolho ser feliz agora, mesmo que isso traga tristeza, dor.
Na busca pela felicidade, nem tudo é feliz, porém tudo faz parte da dualidade que escolho ser. Faz parte da cura.