Ai, o Ego! Ele, sempre ele! Quantos de nós já ouviu a expressão “é culpa do ego”! “Tem que se desidentificar do ego”, “ele é puro ego” e coisas do gênero?
Na verdade, ego está sempre enquadrado como o grande vilão da história, mas ele pode ser, e é um grande aliado quando descobrimos a sua real função.
O ego é aquilo que criamos como nossa identificação pessoal. Você só é você nesta tridimensionalidade porque possui um ego, algo que o identifica. E você o criou baseado principalmente pelos fatores externos! Isso mesmo. Aquilo que aprendemos sobre nós mesmos pelo contato com o outro! A referência de quem somos começa inicialmente pela nossa criação, pelos nossos pais, parentes. Vamos criando uma noção de nossa existência e de quem somos quando ouvimos sobre as impressões que damos e causamos e então vamos, cada mais vez mais, solidificando esta identidade sobre nós. Esta persona.
Por este caminho, o ego cria então a necessidade de ser aceito, amado e querido. Pertencido!
Uma pessoa que foi rejeitada durante a infância, por exemplo, tem o seu ego magoado. Dessa forma é possível que ela tenha problemas de autoaceitação durante toda a vida.
Mas isso tudo não passa de um falso centro, um falso ser objetificado, criado pelos valores e condutas sociais, pois, na verdade, estamos além desta máscara social e criação psicológica.
Somos a essência, somos o ser divino que está abaixo dessas camadas. Compreender isso leva um tempo e descobrir requer uma solidez da personalidade adquirida pelo ego.
Aprendemos quem de fato somos quando entramos verdadeiramente em contato com esse falso eu e não mais nos identificamos com ele.
Na verdade, o ego, constituído de bases sociais nos coloca dentro de uma normalidade e de condutas pré-concebidas. E então criamos um grande conflito interno – nossos seres contra o que o mundo quer que sejamos.
A sociedade nos quer funcionais, pacíficos, e não seres naturais, rebeldes ou questionadores. Ela é hierarquizada, quer um membro adequado para se moldar a determinados valores, normas e regras sociais.
Cumprir uma agenda social, casar, ter filhos, políticos, religiosos num emprego regular, que lhe dê o suficiente para o consumo diário, trabalhando em algo que não precisa ser do seu sonho e realização pessoal. Na verdade, a sociedade não quer saber do seu sonho e nem se interessa se você vai realizá-lo. E então, neste momento, quando você se descobre infeliz, vazio e não identificado com nada daquilo que disseram para você que o traria a felicidade, você passa a viver a saga do sujeito que o habita. Do ser divino que você é!
Por isso o despertar. Muitas pessoas hoje estão nesta “busca” – querem se autoconhecer, acessar seus propósitos, descobrir suas verdades!
E é nesse lugar que aparece a espiritualidade como ferramenta para este acesso. O autoconhecimento nos dá, além de mais confiança em nós por saber quem de fato somos, uma desidentificação do ego – passamos a entender que não somos de fato aquilo que julgávamos ser! E, neste sentido, aprendemos a soltar, entregar, aceitar corrigir, entender e curar. O caminho de volta ao lar.
Isso é possível por meio de diversas técnicas. O tantra, biodança, dentre outros, são alguns caminhos. A própria dança por si só, de forma solta e liberta, pode promover essa desconstrução.
Por isso, muitos artistas são considerados “loucos e desajustados”, que por meio de suas técnicas pessoais e por que não, chamados de alma, conseguiram desconstruir máscaras e comportamentos padrões para encontrar seu verdadeiro eu. Eles são autênticos e libertos.
Não é fácil aceitar a natureza básica da dualidade do nosso mundo físico e ainda assim, superar essa dualidade e entrar num estado de união com ela.
Mas, podemos fazer isso por meio do amor por nós mesmos, da aceitação, das coisas tal qual como são, sabendo que existe uma proteção e razão superior para tudo o que acontece.
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