Ajudar demasiadamente outra pessoa pode tirar dela a oportunidade de aprender por si própria, de vivenciar situações, de enxergar as coisas como elas realmente são, mesmo que para isso precise ter uma dose de decepção, frustração e esforço.
Não faça pelos outros aquilo que eles próprios podem fazer por si. Repare: muitas vezes, a melhor maneira de ajudar alguém é justamente não ajudando. A ajuda só funciona para quem está aberto e tem a humildade de aceitá-la para realmente mudar e não ficar na dependência eterna.
Grande parte dos problemas de relacionamento está ligada ao fato de uma das partes querer, insistentemente, ajudar a outra a mudar, a pensar diferente, a fazer tudo de outra forma, mesmo sem a real permissão e vontade do outro.
Para algumas relações, a ajuda se transforma no único elo e pode se tornar um mecanismo de controle.
Quantas e quantas vezes ajudamos uma pessoa, mesmo sem perguntar se ela realmente quer e precisa da nossa ajuda, e depois, lá na frente, cobramos tudo de volta, na mesma moeda. Quantas vezes ultrapassamos nossos próprios limites, físicos, mentais e materiais, para ajudar quem, na verdade, não está nem aí para uma mudança verdadeira.
Vejo muita gente entrando de cabeça nos problemas dos outros na tentativa de ajudá-los, quando eles próprios precisam se debruçar sobre seus próprios desafios. Seria uma fuga? Seria achar que podemos mudar o mundo, sem sequer ter a coragem de mudar algo em nós mesmos?
Seja solidário, continue ajudando, mas leve em conta que auxiliar o outro pode ter inúmeras conotações.
A mais nobre é um suporte genuíno somente naquilo que a outra pessoa não enxerga ou não está conseguindo fazer por vias próprias. No entanto, muitas vezes ultrapassamos essa barreira e ajudamos o outro para impor nosso ponto de vista sobre a vida dele, para nos sentir úteis ou mesmo para nos sentir por cima. É claro que todos esses sentimentos são velados e não podemos generalizá-los como maldade.
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Mas preste atenção: ajudar demasiadamente outra pessoa pode tirar dela a oportunidade de aprender por si própria, de vivenciar situações, de enxergar as coisas como elas realmente são, mesmo que para isso precise ter uma dose de decepção, frustração e esforço.
Pais que superprotegem os filhos, amigos que se doam ao ponto de se intrometer na vida do outro, ilustres desconhecidos que, em pouco tempo de convivência, se comprometem sem bases sólidas de uma relação. Todos sujeitos a interferir no livre-arbítrio da outra pessoa.
Comece a observar para onde você destina seus esforços. Quem você ajuda quer e precisa realmente ser ajudado? A ajuda que você oferece tem limites claros para vocês ou chegam a prejudicá-los? E mais: você ajuda de forma eficiente ou perde seu tempo?
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