Em algum momento de sua vida, com paciência e resiliência, você começa a observar o mundo à sua volta e compreender um pouco, o vasto fenômeno das flores de seu jardim.
Elas não brotam, assim, da noite para o dia. Elas demoram estações para voltar e fazer suas novas mudas. Por mais, que nosso esforço seja imenso, há situações que não podemos mudar e nem há flores, as quais, podemos fazer florescer. Preparar a terra, plantá-las, regá-las… é uma arte, a qual, só um jardineiro carinhoso e cuidadoso é capaz de apreciar.
Você precisa entender os ciclos e as artimanhas de cada flor. Você não deve se desesperar com a queda de uma pétala.
Não precisa desanimar diante das suas cores murchas. Muito menos perante seus ramos secos ou suas folhas carregadas pelas formigas. Que dirá quando se deparar com seu caule sobre o chão. Pois, ali, além do que podemos ver abaixo da superfície da terra, pode residir uma raizinha miudinha. Um sopro de vida em luta para brotar.
A aparente morte de uma flor pode nos causa a sensação de desesperança e a busca de caminhos mais curtos; atalhos mais atraentes. Afinal, como disseram Os Titãs, “As flores de plástico não morrem”. E, as flores do jardim, podem ser ilusórias e trágicas, como nos poemas de Baudelaire em As Flores do Mal, na sua encenação de enaltecer nossos olhos e logo mais, cair ao chão.
Entretanto, as flores ressurgem, transformam-se, em um incessante movimento de ser, na percepção de que, na natureza “nada se perde, tudo se transforma”.
Assim nossa vida é: exige paciência de um jardineiro, para encantar os olhos com as flores cultivadas e o olfato, com os perfumes exalados.
Exige acreditar que o broto pequenino, ainda, em sua forma, aparecerá. Que os dias e o tempo, sejam tempestades, chuva contínua por dias, garoas, ou mesmo sol escaldante farão bem.
Ciclos fecharam e outros iniciarão, invernos passaram e verões brilharão, outonos derrubaram as folhas e primaveras farão os brotos florescerem. Mantenha-se firme em seus propósitos, com esperança no futuro e na natureza. Seja paciente com os ventos e suas reviravoltas. Observe a cada amanhecer, a beleza da natureza a se transformar e seja grato por essas mudanças, pelas flores que estão a encerrar o seu ciclo e por aquelas a brotar através de um pontinho verde, quase microscópio, arraigado no caule.
Aprenda a perceber os pequeninos brotos de vida e celebrar sua existência. Desapegue-se do sentimento melancólico, ao verificar o constante término dos ciclos. Aceite o esmaecer de cada fase, como uma nuvem, que antes a formar um belo desenho, agora, se espalha pelo céu e se torna um outro rabisco, a encher os olhos de quem observa, deitado sobre a grama.
Acredite na força da vida! E viva o hoje com a leveza de uma pena ao vento.
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