O segredo para uma boa vida é viver intensamente o hoje.
Convivemos, diariamente, com a agitação estampada nas mídias sociais, o mundo digital tem nos paralisado com o sentimento de impotência frente aos caos que se instauram nos excessos. As notícias demonstram o crescimento da violência em todas as áreas nas vinte e quatro horas do dia, repetidamente. Nossos pensamentos estão cada vez mais acelerados, passamos a antecipar mentalmente o futuro. Apesar de termos consciência de que devemos nos preparar para ele, não podemos nos prender a cenas que nem sabemos se realmente acontecerão. O único sentimento real que nos invade é o de preocupação, que tem ocupado nossa mente com ideias fixas a ponto de tirar-nos a paz e atenção.
As informações mudam a cada instante, num piscar de olhos as novas informações surgem e não conseguimos acompanhar as demandas em nosso meio.
E, ao falar em informações, não posso deixar de mencionar o celular, aparelho extraordinariamente tecnológico, que revolucionou a nossa a vida, trazendo-nos uma evolução riquíssima, que facilita a nossa vida diariamente. Temos tudo à nossa disposição em um único objeto, com diversas funções que otimizam nosso tempo. É um grande motivo de gratidão pela inteligência inventiva.
Porém o aparelho que poupa o nosso tempo é o mesmo complicador dele. Estamos nos tornando distraídos com aquilo que mais deveria nos chamar a atenção, como os bons relacionamentos e principalmente o contato com o belo da vida. Estamos na fase do desequilíbrio social pela má administração do que é mais precioso para nós: o tempo.
Não estamos mais dando conta de responder aos excessos de mensagens encaminhadas e recebidas dos grupos de contatos. Estamos perdendo o vínculo familiar e os amigos, estamos deixando de desfrutar do poder que há na presença, da conexão, do compartilhar das histórias vividas, das trocas, das experiências e da simplicidade da vida.
Estamos presentes na maioria dos encontros, que se tornam desencontros pela frieza evidenciada na dificuldade de se desligar do aparelho ou guardá-lo no bolso. Conectamos-nos frequentemente com o que está fora, longe, virtual e nos distanciamos cada vez mais do mundo de dentro, perto e real. Estamos perdendo a conexão com a humanidade da forma equilibrada e saudável de viver.
É fato que, em breve, trataremos de novas doenças psíquicas causadas pelo excesso do mundo digital em mentes aceleradas, que não dormem, cujos pensamentos se agitam e não conseguem desligar-se, não descansam e não apresentam prazer em viver, sem contar a radiação transmitida pelo objeto que está em contato direto com o corpo, parecendo parte dele. A nossa geração está cada vez mais perdendo o foco do tempo, do agora, onde as coisas acontecem e podem ser transformadas.
Como enfrentar o excesso que nos captura de nós mesmos?
Acerca de tantas informações, novidades, imagens, mensagens e dos milhares de atrativos que nos dispersam, temos um grande desafio a enfrentar em nossa vida, e um deles é encontrar o motivo que verdadeiramente nos inspira a viver.
Recentemente, diante das dificuldades dos processos que a própria vida anuncia, acomodei a aprendizagem que sempre ouvíamos do psicólogo Vygotsky, na graduação de Pedagogia, segundo o qual aprender se dá por meio da interação social, com outros indivíduos e com o meio.
Ao acompanhar pessoas que enfrentam doenças, como o câncer, é visível a aprendizagem e o valor que começamos dar à vida. Estar no espaço oncológico nos permite adentrar esse fluxo de gratidão. Simplesmente ao observá-las e escutá-las na essência, passamos a compreendê-las e a entender o que se passa em sua mente quando a única opção que possuem é a de não desistir de si mesmas e continuar na esperança de cura e controle, para que possam viver mais e melhor.
Sempre ouvi falar que temos de valorizar o hoje, o agora, o nosso tempo presente. Você já deve ter assistido, com certeza, ao desenho Kung Fu Panda. Achei megainteressante e divertido, eu e uma amiga rimos até hoje ao lembrar de algumas cenas que se misturam às altas gargalhadas e à emoção que sentimos ao assisti-lo. Ouvir o diálogo entre o Mestre Oogway, a tartaruga ancestral, líder espiritual do Vale da Paz e PO, o urso panda que cogitava desistir de se tornar o grande guerreiro de kung fu. Foi reflexivo! Mestre Oogway:
– Você está preocupado demais com o que foi ou com o que será. Existe um ditado que diz: “O passado é história, o futuro é um mistério, o hoje é uma dádiva, talvez por isso que se chama presente.”
Apesar da emoção evidenciada na cena do filme e da certeza de que o dia de hoje é um presente, parecia muito óbvio e repetido esse tipo de frase. Mesmo sendo tão evidente, essa aprendizagem ainda não era intrínseca e consciente, como tem sido atualmente pela maturidade que adquirimos, com o passar dos anos.
Vivemos a vida no piloto automático, sem nos dar conta de que precisamos enfrentar os desafios todos os segundos, de imagens do passado e do futuro, que nos roubam de nós mesmos. Não podemos nos esquecer da cena anterior a essa do filme. Antes de o mestre falar com o urso, ele estava descontando todas as suas frustrações escalando o pessegueiro que comia compulsivamente.
Desafios, todos os segundos, de tudo que nós rouba de nós mesmos…
Como estamos vivendo? Onde estamos descontando nossas frustrações?
Se estivermos atentas, poderemos aprender muito em nosso momento de dor, se decidirmos não subir nos pessegueiros para descontar nossas frustrações, mas viver as emoções do momento, sejam elas quais forem. É bom nos permitir chorar e também rir em vários momentos atravessados durante a jornada da vida.
Refletindo sobre a questão do tempo e dos excessos, que nos roubam de nós mesmos, comecei a pensar acerca dos meus pensamentos, aquietando-os, porque não poderia mais acelerá-los, transportá-los para o futuro, pois o projeto de vida, que nos convida em todos os momentos, aplica-se a cada um de nós.
Temos apenas um convite que a vida nos faz a cada manhã, que é vivermos exatamente no dia de hoje.
As experiências que fazem doer a alma são as que mais nos dão a chance de crescimento e aprendizado, e nos levam a refletir sobre o quanto somos desatentos ao que ofertamos a nós mesmos.
Vivemos em um ritmo tão acelerado, que somos débeis em extrair qualidade de tempo para nós e nossa família. Temos dificuldades de nos ausentar do barulho diário do mundo que invadiu todo tipo de conexão humana. Falta-nos percepção do que é sentir tranquilidade, serenidade e paz em nossa vida diária.
Através dos sentidos, temos habilidades para perceber o ambiente em que estamos e estimulamos com riquezas de detalhes a nossa memória, que registra todos os fatos que se fazem importantes na percepção de cada um.
Por isso, concentre-se no momento presente e guarde boas memórias dele.
Faça-se presente, observe os lugares em que estiver, sinta os cheiros, escute as pessoas na sua essência, com atenção, demonstre carinho, sinta o sabor dos alimentos que ingerir, escute o barulho do vento, o cantarolar dos pássaros, viva a intensidade do momento. Precisamos fazer essa faxina na alma e deixar os sentimentos ruins irem embora, e abrir espaço para as boas emoções permanecerem.
Reflita sobre o que pode fazer hoje para se sentir bem, é um desafio constante a ser buscado, se quisermos verdadeiramente prazer em viver. Não existe uma fórmula mágica, a melhor forma de administrar o tempo é estarmos atentas às necessidades que a vida nos oferece no momento. Aceite o movimento da vida no dia de hoje, mesmo que esse movimento seja acompanhado de um processo de dor. O sofrimento existe, mas podemos responder a ele de uma nova forma, descobrir um argumento diferente, porque ele não é definitivo, se o encararmos como um meio de aprendizagem e nos transformarmos através dele, principalmente se não tivermos controle nenhum diante da situação.
Qual a resposta que você tem dado nos momentos de dor?
Cuidado para não dar a mesma resposta durante a sua vida inteira ao mundo. Passamos por processos de mudanças o tempo todo. Parar de reclamar e se vitimizar já será uma boa resposta. A sabedoria que a vida nos propõe consiste em enfrentarmos o que ela nos apresenta, com a coragem e a força que Deus nos concede, quando nos dispomos a responder aos momentos difíceis e à dor de forma criativa, enfrentando os obstáculos que precisamos vencer.
Qualquer mudança de comportamento exige paciência e dedicação, por isso, sempre que perceber que está pensando demais no passado ou no futuro e deixando de se concentrar no agora, deixe os julgamentos e os pensamentos negativos de lado. Não fique preocupado com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Viva um dia de cada vez. Concentre-se, pare e volte a atenção para o que estiver fazendo e repita quantas vezes forem necessárias, logo isso irá se tornar natural para você.
É provável que já tenha ouvido, em algum lugar, as palavras carpe diem. É uma expressão em latim, que se tornou bastante famosa por passar a ideia de viver o momento presente. Em português, significa “aproveite o dia”.
Uma das trágicas coisas que eu percebo na natureza humana é que todos nós tendemos a adiar o viver. Estamos todos sonhando com um mágico jardim de rosas no horizonte, em vez de desfrutar das rosas que estão florescendo do lado de fora de nossas janelas hoje.
Dale Carnegie
Aproveite o dia e o que ele tem a lhe oferecer, com fé, gratidão e entusiasmo, por mais uma oportunidade de mudar e de torná-lo melhor que ontem. A você, desejo carpe diem, não o desperdice por nada!
Hoje, agora, neste exato momento, terá mais uma vez a chance de recomeçar a sua história.
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