O final do ano é sempre muito reflexivo e também esclarecedor, ponto final de um capítulo para iniciar outro. É sempre a partir do dia 03 que começa a adaptação ao novo ano, pelo menos para mim.
Dá um trabalho danado escrever o primeiro parágrafo de capítulo novo. Uma sensação de êxtase com certa melancolia. Tudo isso por que nossas memórias insistem em criar padrões e preferências. Se o capítulo anterior se tornou o preferido, o novo começa com um certo bloqueio. Será que esse vai superar expectativas?
Uma das lições aprendidas nesses últimos capítulos será usada nesse novo: trocar expectativa por perspectiva. Observação ao invés de projeção. Observar enriquece a consciência e a alma. A expectativa sempre traz com ela um nível alto de exigência, com a gente mesmo e com o outro, e a exigência gera entre tantas coisas, ansiedade. Ansiedade, entre as tantas sensações, é aquela que a gente menos precisa.
Persista na observação mesmo quando a consciência der espaço para a expectativa. Respire. Você, mais do que ninguém sabe que o simples fato de respirar, além de oxigenar o corpo, coloca as ideias no lugar. Retomar sempre que possível para a perspectiva é um exercício diário.
É um novo capítulo, faça os ajustes e nunca se esqueça de que linhas bem escritas já pareceram tortas.
Além das páginas em branco para o novo capítulo, é necessário checar a mochila. Faça a limpa, deixe-a leve. Continue carregando com você o brilho do essencialismo. Menos, porém melhor. Menos é sempre mais.
Continue insistindo em ter menos para ser mais. Isso significa consumir menos, porém, com mais qualidade. Significa também ter menos amigos, porém, os poucos são leais. Significa abrir mão de ganhar muito dinheiro para ter uma vida simples, mas tão mais feliz.
Menos, porém melhor é o mantra de uma vida. Porque tudo aquilo que for realmente essencial, continuará com você. Observe.
Continue escolhendo ser feliz ao invés de ser dona da razão. Ter razão é querer convencer o outro que estamos certos, e sabe, certo e errado é relativo. Quando nos abrimos para ouvir o outro, melhoramos nós mesmos. Se você sabe o valor da sua verdade, saberá onde morre a razão e onde nasce a felicidade.
Você sabe que não vai deixar de se chatear com os outros, muitas vezes com você mesma, mas continue escolhendo as resoluções pelo caminho da leveza e amor. Só o fato de ter aprendido a lidar com as suas emoções, já existem razões suficientes para se orgulhar. Aliás, nunca perca isso, o orgulho de ser quem você é. Isso não faz de você perfeita, mas a faz única. E ser único é também ser humilde diante dos outros, afinal de contas, você não é melhor ou pior do que ninguém.
A humildade faz com que todas as nossas relações se tornem melhores e mais fortes, isso inclui a relação que você criou com o dinheiro e bens materiais. Com dinheiro, é válido continuar com os ensinamentos da vovó Julia: saiba sempre quem é o dono de quem. Existem confortos e sonhos que o dinheiro compra, o travesseiro macio de uma consciência tranquila não é uma delas.
Tenha ainda mais paciência. Eu sei o quanto você já sofreu por pedir aquilo que você queria, e não necessariamente o que seria bom para você.
Aceitar que nem tudo aquilo que a gente quer é bom para gente é um ato de coragem! Sinto-me orgulhosa ao ver que os seus pedidos para o universo não são feitos a partir do ego, mas com a consciência do tempo certo.
Aliás, a fé em acreditar que o universo conspira sempre a seu favor é mais um motivo de orgulho. O universo sempre lhe entregou e ainda vai entregar grandes presentes pela fé – e paciência – em esperar ele se movimentar. Essa fé é a conexão necessária para entregar e confiar. Até as consideradas “piores experiências” se tornaram grandes presentes quando você entendeu que eram aprendizados.
Concretizar foi um verbo bastante usado no capítulo passado, afinal de contas, a tão aguardada colheita finalmente aconteceu. Grandes e pequenos sonhos foram realizados. Presentes entregues em momentos perfeitos. Acredite, é só o começo do plantio e da colheita. Você tem um punhado de boas sementes.
Tenho certeza que a cada novo ciclo você melhora a versão que pode ter de você mesma. Você não se torna melhor para os outros, você se torna melhor por você. Você merece se olhar todos os dias no espelho e se orgulhar da mulher que se tornou. Você não está no auge, você é o auge.
E pensar que quando escrevi o texto estava no auge dos #QUASE30, hoje o auge é dos #QUASE31.
E quer saber de uma coisa? Nunca estive tão feliz com a minha melhor versão. É paz de espírito que fala, né?
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