Sabe quando você faz alguma coisa que parece contraditória ao que você realmente queria fazer ou ao resultado que queria obter?
Sabe aqueles pensamentos negativos que vêm sempre em determinadas situações? Você deseja começar um curso de inglês, mas pensa que não tem capacidade de aprender. Deseja adicionar uma atividade física à sua rotina, mas pensa que é preguiçoso demais e logo vai desistir. Sente vontade de puxar assunto com alguém, mas pensa que a pessoa não vai achá-lo interessante.
Às vezes, você nem pensa tudo isso conscientemente, mas existe um sentimento aí que o impede de fazer ou de continuar a fazer o que deseja fazer.
Outras vezes você sente que não consegue sair do lugar e ainda fica repetindo as mesmas situações, os mesmos problemas.
É a vida financeira que não melhora, os relacionamentos que parecem que são sempre iguais; muda o endereço, mas não muda o problema. Aquela vergonha e sentimento de inadequação quando você está em público, em situações sociais.
Você fica olhando outras pessoas e desejando ser do jeito que elas são, afinal todo mundo parece lidar muito melhor com as coisas do que você. Aquela amiga que fala em público sem se sentir ansiosa, aquele colega que parece que não tem vergonha de se divertir, aquela vizinha autoconfiante que vai muito bem no trabalho, aquela prima cheia de estilo no jeito de se vestir.
Mas e você? Você está aí enxergando somente seus defeitos, escondendo suas qualidades porque não são “grande coisa”.
Afinal, já que ninguém enxerga algo bom em você, deve ser porque você não tem mesmo, não é? Errado. Erradíssimo!
Você já pensou que quanto mais você alimenta esses conceitos ruins sobre si mesma, mais você vai trabalhar para que eles sejam reforçados? Não de forma consciente, claro, seu cérebro vai fazer isso com você. Por quê? Porque nosso cérebro busca coerência. Busca familiaridade.
Nós construímos percepções de nós mesmos, desde a infância, muito com base no nosso entorno social. No que as pessoas falavam sobre nós, na imitação dos comportamentos delas, nos valores e princípios que eram importantes para o contexto, e tudo isso forma o nosso autoconceito – o conceito sobre nós mesmos
Esse autoconceito, serve como um tipo de “organizador interno” que faz que os seus sentimentos, os seus pensamentos, e os seus comportamentos sigam sempre uma linha. E daí que se o seu autoconceito for negativo, sua tendência vai ser seguir uma linha de comportamento, pensamentos e sentimentos que não serão positivos para você.
É aí que entra a sucessão de relacionamentos ruins, a busca constante por aprovação, a falta de prazer na sua rotina, aquele tanto de atividade que você não tem coragem de começar por medo de errar ou de não conseguir. Os gastos excessivos e tudo aquilo que você faz excessivamente e que sabe que não é bom para você. O desânimo, a ansiedade, a preguiça, o medo, o estresse e todos os outros padrões negativos que você se encontra.
E esse conceito que formamos sobre a gente ainda tem mais dois elementos: a autoimagem e autoestima.
Autoimagem: as descrições que fazemos da gente. Como você se enxerga como mãe, como filha, como estudante, como amiga, como profissional, sua personalidade, sua aparência física, etc. Cada área da nossa vida a gente se enxerga e descreve de alguma forma.
A partir de como nós nos vemos, faremos avaliações sobre nossas qualidades, desempenhos, condutas e virtudes, baseados no que aprendemos que é bom ou ruim e daí nós tiramos o nosso valor. Isso é o que determina nossa autoestima.
A importância da formação desses conceitos em nós é tão grande, que diversos estudos apontam a correlação entre esses conceitos e níveis de ansiedade, fobias, sentimentos depressivos e somatizações na população em geral (VAZ SERRA, A. 1988) e hoje o que não falta são informações e profissionais falando sobre isso, principalmente sobre autoestima. Sabemos na pele a influência desses conceitos, não é mesmo?
E aí, se você identificou que sua visão sobre si mesmo não está muito positiva e está se perguntando como mudar isso, eu vou lhe dar algumas sugestões:
1. Identifique as mensagens que recebeu por toda a sua vida.
Se você já leu os posts sobre codependência, já viu vários exemplos de mensagens que recebemos.
Você pode ter recebido a mensagem de que a sua vontade é menos importante que a dos outros, por exemplo, se teve pais que o chamaram de egoísta, que não ouviam o que você queria, que davam preferência a atender seus amigos ou primos, antes de você.
Pode ter recebido a mensagem de que o seu valor só é real se você tiver dinheiro, por exemplo, se você já foi menosprezado por não ter dinheiro ou itens de maior valor financeiro, ou se seus pais usavam o fato de serem os provedores como forma de provar autoridade, que você só teria o poder da escolha quando tivesse ganhado o seu dinheiro.
Você também pode ter recebido a mensagem de que precisa ser bonita para ter valor, ou conseguir um parceiro, amigos, qualquer coisa que seja. Existem muitas mensagens associadas à aparência física e hoje em dia sabemos disso mais do que nunca.
Existem muitas outras mensagens, mas precisamos passar para o próximo passo:
1. a) Questione essas mensagens e aumente suas referências.
A gente consegue muita coisa com dinheiro mesmo, mas será que quem você é muda se você tem mais ou menos dinheiro? Será que você deveria colocar seu valor em coisas que são variáveis durante a vida toda?
Quais são as pessoas que você admira? O que elas têm em comum? E o que elas têm de diferente? Elas seguem o mesmo padrão ou cada um tem seu estilo, seu talento, seu jeito?
1. b) Identifique suas qualidades e seus reais valores e reforce-os.
Às vezes, é difícil encontrar suas qualidades, principalmente quando você está com um olhar muito viciado em enxergar só seus defeitos, mas faça um esforço que eu sei que você vai encontrar.
Você é organizada? É dinâmica? Aprende rápido? É ótima em perceber as necessidades dos outros? É comunicativa? É simples e objetiva?
Essas coisas podem ser percebidas apenas como características ou podem ser percebidas como qualidades para determinado contexto. Valorize o que pode ser usado como positivo. Aquelas coisas que você entende como fraqueza ou dificuldade você não vai focar. Não. Não vai. Você vai sim aprender a administrar o que for possível, mas não vai se forçar a ser algo que não é ou a desenvolver algo que é muito custoso para você. Faça até onde é necessário com aquilo que não é tão bom assim (se você não é organizada, aprenda o mínimo de organização necessária para não se perder), fortaleça e potencialize aquilo que já é forte em você.
1. c) Para finalizar, esteja com quem lhe faz bem!
Nada é mais potente para transformar como nos sentimos e nos vemos do que nossas relações, portanto invista em estar perto de quem lhe faz bem, de quem o olha com bons olhos, de quem levanta seu astral, de quem traz leveza para o ambiente.
Limite ou corte relações que tendem a usá-lo como depósito de suas próprias projeções. De quem encontra problema em tudo, que o(a) critica, que não o(a) escuta ou não dá lugar para você se colocar. Aprenda a se preservar e a separar o que é seu o que é do outro.
Precisamos aprender a cuidar da forma como nos vemos, pois para quem isso não é natural, é fácil cair num padrão negativo, principalmente quando temos contato com muitas opiniões e muita gente dizendo o que você deveria fazer, como você deveria ser ou como deveria viver sua vida. Se estiver recebendo muito disso, pare, afaste-se, recolha-se e retome suas convicções e o que você escolhe acreditar sobre si mesma.
O que você pensa sobre você é o mais importante!
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