Às vezes, o passado o atormenta como um fantasma. Habita os pensamentos quando você não tem distrações. É por isso que você procura um antídoto para a existência: tenta dopar o que sente e procura entretenimento mundo afora.
Se o seu entretenimento é mais profundo, e sai à procura de conhecimentos que vão ao fundo das questões mais importantes, pode sentir-se numa espiral sem fim, repleta de contradições. Sente-se um paradoxo humano.
Pode passar noites acordado sendo uma testemunha de sua mente em alvoroço, por horas a fio. Ou pior: pode achar que o conteúdo de sua mente representa quem você é.
Humano, demasiado humano. Pensando melhor, quem é você?
Acha que você é o seu passado? Não, pois aprendeu muito com os anos que chegaram ao fim. Você mudou, como resultado das lições, e agora é uma pessoa totalmente nova.
Mesmo assim, o passado volta para relembrá-lo do que sentia, e um medo ameaça trazer de volta velhos sentimentos, renascidos também.
Por milênios, o ser humano viveu a ilusão coletiva de que o corpo é tudo o que somos, quando é apenas um recipiente de nossa alma.
E dessa ilusão nasceram outras, como a de que o prazer material é o que nos trará a felicidade plena. Mesmo já adaptado para se integrar totalmente nesse mundo de ilusões, sabe bem que, no fundo, elas não representam a verdade sobre você.
O presente cria o futuro
Para a maioria das pessoas, a vida cotidiana é uma constante espera pelo fim de semana, pelas férias, pela reforma. Vivemos na expectativa romântica de que tudo o que vivemos culminará naquele marco, que trará as tão cobiçadas liberdade, felicidade e prosperidade.
Colocamos um prazo, uma época ou um rosto estampado nos nossos objetivos. Assim, esses objetivos dissipam-se também, e a correria para atingi-los torna-se mais importante do que a razão de os querermos realmente.
Se acha que a sua felicidade está no futuro, é porque vive no passado. Se espera o belo dia em que tudo mudará e aí será feliz, então é porque acha que, neste momento, você não está realmente vivendo, mas sacrificando horas de existência para compensá-las depois.
Nunca é tarde demais
É fácil chegar à consciência de que você cria a sua própria realidade – as evidências são inegáveis!
Você pode fazer a correlação entre o seu estado emocional e a vida que leva, e ver como as suas crenças correspondem ao que lhe acontece.
O stress e a confusão podem surgir como sintomas desta consciência, e pode começar a achar que você não é bom o suficiente na tarefa de melhorar a sua vida. Pode achar que os seus desejos são muito exigentes. Que não vai conseguir nada sem trabalho árduo. Que as outras pessoas não lhe aceitarão. Os medos são inúmeros – mas são normais.
Acalma esses medos, sente-se com eles e os enfrente. Enfrentar o medo significa simplesmente ser consciente de que ele existe, e aceitá-lo como uma emoção como qualquer outra.
Gentilmente, guie-se para o outro lado do medo: o amor. E há várias formas de fazê-lo.
Seja paciente ao tentar transformar os seus pensamentos e hábitos, pois não acontece de uma hora para a outra. Lembre-se de que está deixando ir anos – possivelmente décadas – de condicionamentos do seu ambiente, dos seus pais, colegas, amigos, da sociedade.
Está se libertando do que considerava ser seu, e que ainda parece seu, por ser tão familiar.
Mas, quanto mais cedo decidir libertar-se de crenças, padrões e hábitos com os quais não se identifica mais, melhor.
Suavemente adquirindo o poder
No nosso planeta, há uma limpeza em curso. A nível coletivo, estamos nos libertando do velho, do antiquado, do desnecessário. Pois apenas excluindo o que já não nos serve, poderemos receber o que precisamos e desejamos.
E o mesmo acontece a nível individual. Apenas podemos receber o que queremos, abrindo espaço para que essa energia mais pura e positiva flua.
Se queremos um novo tipo de vida, devemos estar dispostos a “jogar fora” comportamentos, hábitos e até coisas. Se não o fazemos, o Universo fará por nós. É por isso que perder todas as posses materiais é uma dádiva. Abrimos espaço para recomeçar, e o foco retorna ao interior.
A mentalidade da sociedade patriarcal, por exemplo, é outra coisa que está sendo eliminada, aos poucos, da consciência coletiva. Uma das características dessa mentalidade é a luta, a conquista, a competição.
Essa necessidade de competir nos coloca no mesmo patamar que as outras criaturas do Reino Animal, e nos sobrecarrega ao dominar toda a nossa vida, pois somos, além de seres vivos, seres espirituais e racionais.
Deve haver um equilíbrio, e este é atingido não pelo esforço, mas pela permissão. A energia do divino/natureza/Deus é sutil.
Quando somos preenchidos pela energia do amor, esta vem sempre de um lugar de paz, não de guerra interna.
Procuramos por amor nos lugares errados, pelas coisas que queremos no externo, no futuro. E, por desejarmos tanto, achamos que devemos lutar por elas e fazer por merecê-las. Mas nascemos merecedores. E saber disso nos traz o maior dos poderes: a gentileza.
A gentileza de alma e de caráter condensa anos de trabalho árduo em minutos de permissão, em uma viagem cheia de magia e sincronicidades.
A vida deixa de ser um fardo e torna-se uma chuva de bênçãos.
Um pôr do sol torna-se um espetáculo gratuito. As ideias surgem claramente. Acordar é sinônimo de gratidão. A sensibilidade aguça quando começamos a meditar e a encontrar o nosso centro, e também a sensibilidade para todas as coisas boas e simples deste mundo.
Assim, fica a pergunta: “como preparar-me para o que vem aí?”, reconhecendo que já está aqui, agora. As melhorias fluem agora, é inevitável. Você pediu, e já se concretizou.
A única tarefa é deixar-se ser um canal receptivo, e isso é a melhor parte de receber: tornar-se receptivo.
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