O desapego, para muitos, é um bicho de sete cabeças. Estes se perguntam a todo instante: Como assim me desfazer das ‘minhas’ coisas? Parece que a própria história das pessoas se perde. Desapegue. Fique leve. Seja livre.
Atualmente, muito se fala sobre estilo minimalista de vida e suas vantagens. Acredito que muitos dos que leem a respeito sintam dificuldade só em pensar em uma vida assim. Imaginam que passarão a viver em uma situação de vida de penúria total, ou quase monástica.
Minimalismo não significa pobreza, ao contrário. Significa não desperdiçar tempo, dinheiro e energia em coisas desnecessárias. Mais que isso, significa liberdade!
Liberdade de não se preocupar com o supérfluo. Liberdade de não carregar o mundo nas costas por conta de custos acumulados, dívidas e preocupações sobre o que os outros vão pensar por você não ter. E a certeza de que o excesso, em seu significado mais simples, é desnecessário, inútil e dispensável.
Façamos uma experiência. Pegue papel e lápis e escreva o que você levaria com você se soubesse que está mudando de casa, de cidade (onde o clima é igual ao que você vive) e tem direito a levar o que precisa e pode arrumar em meia hora. Numa segunda lista, as coisas que destinaria para amigos/conhecidos/familiares que entende ser ‘a cara deles’. E numa terceira lista, o que você doaria para instituições.
Consegue visualizar o que ficou fora da sua lista? O excesso. Aquilo que não faz falta, embora seja bom para o ego. Coisas dispensáveis para você, e que ainda entregues como presentes, não são fundamentais nem para os outros. Se não faz falta, qual o sentido?
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O desapego, para muitos, é um bicho de sete cabeças. Estes se perguntam a todo instante: Como assim me desfazer das ‘minhas’ coisas? Parece que a própria história das pessoas se perde.
Contudo, tal conceito não corresponde à realidade. A vida é lembrada pelas experiências e não pelos bens em si. Uma casa só será um lar pela experiência que se vive nela, pelas lembranças. No mais, a casa será somente um imóvel no rol de bens do imposto de renda.
Como um manual de organização, o desapego ou o estilo minimalista de vida pode começar com algumas atitudes simples:
1. Revisar armários e guarda-roupas
Está esperando caber de novo naquela calça dos 20 anos? Desapegue. Quando couber, ela estará (já está) fora de moda. Estabeleça como meta o número do manequim, não a peça de roupa. Aproveite e a coloque na caixa das peças para doação. Acha que não consegue doar, venda para algum brechó. Em muitas cidades está na moda feira/bazares de trocas, participe! Achou um jogo de talheres desparceirados? Está fazendo coleção de copos de requeijão e não os usa? Algumas toalhas estão esperando pela terceira guerra mundial? Caixa de doação. Sempre haverá alguém precisando.
2. Ama ler e não tem espaço para tantos livros
Sebo neles. Se na sua cidade não tem sebo (loja de livros usados), utilize várias plataformas virtuais para venda e troca de livros. Descubra se tem biblioteca pública na sua cidade e aproveite os títulos disponíveis. Será uma economia significativa.
3. Odeia a poltrona de canto, que não combina nada com seu estilo e é uma tranqueira na sua sala
Sempre tem alguém que precisa. Divulgue sua intenção de se desfazer dela para conhecidos; troque em loja de móveis usados por algo que você precisa; anuncie em algum aplicativo e reverta isso em dinheiro para viajar, por exemplo.
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4. Adote o compromisso
Para cada peça nova de roupa pessoal/cama/mesa/banho que entrar uma velha sai. Não adianta, pode-se ter dez jogos de cama, que pelo menos seis são pouco usados – tipo para visitas (que nunca aparecem) e ficam apenas entulhando o armário.
5. Passeie nos seus centros de compras preferidos sem dinheiro ou cartão
Leve uma quantia pequena que o permita entrar e sair sem sacolas. Aprenda a olhar, apaixonar-se e deixar ficar. Para muitos, este exercício chega a ser uma tortura, mas é educativo. Uma coisa é querer, outra é precisar.
6. Desfaça-se do que está estragado, quebrado e não tem conserto
Verifique o que está vencido e descarte. Devolva o que não é seu e ocupa espaço na sua casa, na sua vida.
7. Deixe uma gaveta ou uma prateleira vazia
Conceda ao Universo um espaço na sua vida. Coloque ali somente algo que represente seu projeto de vida, sua lista de intenções, seu livro de orações. Entenda aquele espaço como representação do porvir.
8. Agradeça interiormente por cada doação que pode fazer
Emane energia positiva aos bens dos quais você se desfaz.
Por fim, permita-se renascer ou redescobrir a si mesmo nesta experiência. Determine o que lhe é fundamental, o que é transitório, o que é indiferente e o que é totalmente desnecessário. Tenha certo de que o fundamental pode ser transitório e que, conforme a fase que você vive, pode se tornar indiferente, quando não desnecessário.
Desapegue. Fique leve. Seja livre.
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